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Território da Música: Artigos (Rock)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Biografia: GENESIS

O Genesis foi formado na Inglaterra por amigos que estudavam numa espécie de internato preparatório para a faculdade, chamado Chaterhouse Public School. Peter Gabriel e Antony Banks já estudavam por lá em 1963, e no ano seguinte, chegou Michael Rutherford, logo seguido de Anthony Philips. Nas apresentações com suas respectivas bandas foram se conhecendo, e algum tempo depois se juntaram e formaram o Genesis em 1967. Depois de gravar algumas ‘demos’ amadoras em estúdios caseiros, uma dessas gravações chegou às mãos Jonathan King, um ex-aluno de Charterhouse e assistente de Edward Lewis, o então presidente da Decca Records, em Londres.Depois de duas fitas-demo e dois compactos, Chris Stewart sai da banda e no seu lugar entra John Silver, também estudante da antiga escola. Com Gabriel nos vocais, Banks nos teclados, Mike Rutherford no baixo, Anthony Phillips na guitarra e John Silver na bateria, o Genesis grava seu primeiro disco, o obscuro “From Genesis to Revelation”, lançado pela Decca Records. O álbum não obteve êxito algum e John deixa a banda. Para o seu lugar é recrutado John Mayhew.Em 1970 foi lançado, via Charisma Records, o segundo registro do grupo. “Trespass” apresentava uma banda mais amadurecida, com sua veia musical bem diferente do primeiro LP. As faixas eram mais longas, os arranjos melhor elaborados e mais eruditos. Logo após o lançamento do álbum, o Genesis passou por mais mudanças. Saíram John e Anthony e para os seus lugares vieram o baterista Philipe Collins e o guitarrista Steve Hackett. Essa formação gravou “Nursery Cryme”, que trazia uma musicalidade extremamente elaborada, além de letras inspiradas em ficção cientifica, poesias de William Blake e contos de terror de H.P. Lovecraft.Em 1972 foi a vez de “Foxtrot”, seguido de muitas turnês pelo Reino Unido. A popularidade da banda começava a crescer cada vez mais por conta da criatividade dos músicos, tanto nos arranjos quanto nas letras, mas a genialidade de Peter Gabriel passava a ofuscar os outros integrantes, que ficam desconfortáveis com reportagens que falavam apenas do músico e pouco citavam a banda como um conjunto.“The Lamb Lies Down on Broadway” foi o registro seguinte, lançado em 1974. Peter Gabriel comandou quase totalmente as composições e gravações, e os desentendimentos internos eram constantes, o que resulta na saída de Gabriel da banda. Ele, porém, é convencido a permanecer com o Genesis por mais seis meses, durante a turnê de promoção do álbum, que passou pela Europa e Estados Unidos, rendendo no total 102 apresentações.Em maio de 1975, Peter Gabriel finalmente deixa o Genesis e decide partir para carreira solo, enquanto o resto da banda, depois de uma exaustiva procura por um vocalista, decidiu por uma solução caseira: o baterista Phil Collins também tomaria conta dos vocais. E já no ano seguinte, o grupo lança o álbum “A Trick of the Trail” e percebe que sua reputação não foi abalada, o que dá confiança ao quarteto a seguir em frente.”Wind and Wuthering” foi o segundo álbum com Phil Collins nos vocais, seguido de uma extensa turnê, que passou inclusive pelo Brasil em 1977. Aproveitando a série de apresentações, o grupo gravou o ao vivo “Seconds Out”, mas logo após o lançamento do álbum, Steve Hackett deixa o grupo.Em 1978, o Genesis continua como um trio com Phil Collins nos vocais, Tony Banks nos teclados e Mike Rutherford no baixo e nas guitarras. Nos anos seguintes o grupo investiu de vez no pop e foi deixando sua veia progressiva de lado, “…And Then There Were Three…”, “Duke”, “Abacab”, o ao vivo “Three Sides Live”, “Genesis”, “Invisible Touch, e “Throwing It All Away” foram muito bem sucedidos, principalmente pelo forte apelo comercial que carregavam. A banda havia ficado milionária e cada vez os shows alcançavam maiores públicos. De estrela do rock progressivo, o Genesis se tornou um fenômeno da musica pop.Em 1996 Phill Collins decide deixar a banda para também se dedicar à sua carreira solo. Dessa vez, ao contrário do que havia ocorrido quando Peter Gabriel deixou a banda, o Genesis sentiu o golpe, pois o substituto, Ray Wilson, chegou a gravar apenas um álbum, “Calling All Stations”, o último registro do extenso legado do grupo.


Tim Maia - Tim Maia (1970)


O lançamento desse disco marcou o ano zero da musica black no Brasil. Com seu album de estreia, aos 28 anos, Sebastião Rodrigues Maia abria um novo caminho para nossa musica. Se João Gilberto havia adicionado elementos jazzisticos ao samba criando a bossa nova, Tim incorporava o soul dos negros americanos. E fazia isso de maneira tão natural, brasileira e popular que a identificação de seu som com o grande publico foi imediata e definitiva. É verdade que a Jovem Guarda já flertava com o balanço dos hitmakers da gravadora Motown e o proprio rei Roberto Carlos gravou em 68 "Não Vou Ficar", o primeiro grande sucesso de Tim Maia como compositor. Porém, dois anos mais se passariam para que o país inteiro descobrisse que, além de ter muitos outros clássicos na cabeça, o cara cantava como ninguém jamais tinha conseguido deste lado do hemisfério e sabia exatamente como nivelar a música brasileira com o que havia de mais legal na época em matéria de soul. Onze anos antes, Tim fizera um "estágio" nos EUA. Com apenas 17 anos, preto e pobre, já era maluco o suficiente para se mandar para lá em plena barra pesada dos tempos pré-Martin Luther King. Isso no exato momento em que a derivação do rhythm´m´blues, que seria conhecida como soul music, começava a definir seus contornos. Ficou por lá até "ser convidado" a se retirar da festa pelas autoridades americanas (ele desabafaria em "Meu País", de 71: "Sim, bem sei que aprendi muito no seu país/Justo no seu país/Porém, no meu país senti tudo que quis"). Mas foi por aqui que ele encontrou os elementos que tornariam a música que fazia tão rica e particular, como ficava comprovado no seu primeiro album. Com o paraibano Genival Cassiano compôs "Padre Cícero", uma irresistível mistura de forró e soul em homenagem ao preacher de Juazeiro. Essa feliz experiência genética teve seu ponto alto em "Coroné Antonio Bento" (Luiz Wanderley/João do Valle), onde a atuação vocal alucinada de Tim fazia a gente acreditar que Memphis ficava em pleno sertão de Pernambuco. Aliás, a participação de Cassiano - o outro grande arquiteto do soul no Brasil - foi fundamental no disco. São dele "Voce fingiu", a sensível "Eu amo voce" e o hit "Primavera" (as duas ultimas em parceria com Silvio Rochael). E se o mundo todo pudesse ouvi-lo, ele ainda tinha muito para contar: em meio ao belíssimo arranjo de cordas em "Azul da Cor do Mar", Tim tocou no nervo do dente da paixão latina ("...um nasce para sofrer/enquanto outro ri"). Desde então, poucos artistas tem convencido como ele, ao cantar a dor do homem espezinhado pela mulher ingrata. Mais de três décadas depois, o disco ainda impressiona pela riqueza das melodias e dos arranjos, alem da atualidade sonora de faixas como "Cristina" (uma aula de como tirar a musica da alma) e "Flamengo". Antes de sacramentar o samba-soul de "Réu Confesso" e "Gostava tanto de Você" em 73, Tim lançaria mais dois albuns pródigos em gerar sucessos, todos pela atual PolyGram - a mesma gravadora para onde fora levado os Mutantes. Esse disco bem que mereceria um relançamento na íntegra de fundamental ciclo de sua carreira em CD. Esse disco é obrigatório!!!!

Black Sabbath - Black Sabbath Vol 4 (1972)




Muito antes de o Black Sabbath ter se separado, como resultado de brigas internas regadas a drogas, houve um breve período de genialidade sludge-metal regada a drogas. A prova é Vol 4. A banda afirmou várias vezes que a criação e a gravação do álbum coincidiram com seu período mais hedonista e mais marcado pelo uso de drogas. A gravadora transplantou os quatro ingleses para a Califórnia, onde o disco foi feito. O título original do LP, Snowblind, foi rejeitado pelos executivos por sua óbvia referencia a cocaína. As consequencias negativas de sua decadencia seriam sentidas no final da década, quando a banda virou uma caricatura de si mesma. Mas Vol 4 surgiu antes da destruição; as músicas ainda são ásperas e pesadas, embaladas em riffs - ou, como disse a Rolling Stone, "fatias de heavy metal fluente". Como não deu origem a hinos do metal single, ...Vol 4 costuma ser subestimado. Não há qualquer faixa que rivalize com "Paranoid" ou Sweet Leaf. Apenas Snowblind toca ate hoje nas rádios. A força do album esta na pegada heavy e confiante em pequenos toques de experimentação. A banda intercala overdubs psicodélicos (The Straightener), cordas acusticas (Laguna Sunrise) e até mesmo um lado meloso - a lenta balada ao piano Changes, um elemento estranho ao repertório do disco. Mas, ao contrário dos ultimos trabalhos do grupo, o LP é alimentado pelas verdadeiras raízes dark e heavy da banda. Foi com Sabbath bloody Sabbath e os discos que se seguiram que o grupo começou a perder suas características.

Kraftwerk - Autobahn (1974)



Apesar de ser o quarto album do Kraftwerk, Autobahn é considerado o verdadeiro ponto de partida da banda. Ralf Hütter e Florian Schneider tinham se conhecido em 1968 e formado o grupo - e seu estúdio eletrônico experimental Kling Klang - no início de 1970. Depois de anos tocando no circuito universitário, em clubes e galerias de arte, onde aperfeiçoaram sua música, Ralf Hütter e Florian Schneider compuseram e gravaram a faixa título, uma sinfonia à base de sintetizadores, numa parceria com o poeta e pintor Emil Schult. Inspirada pelas longas viagens nas auto-estradas alemãs, a música marcou a separação definitiva da banda de seus colegas de Krautrock. Em Autobahn, com a participação dos percussionistas Wolfgang Flür e Karl Bartos, Hütter e Schneider cristalizaram o som primitivo e a imagem fria que caracterizaram o Kraftwerk. O álbum contém obras sublimes da "Electronic-Volks-Musik", como as faixas "Mitternacht", "Morgenspaziergang" e "Kometenmelodie", mas foi a faixa-título que se tornou o símbolo da carreira internacional do Kraftwerk. O álbum foi sucesso nos EUA e Europa e virou um marco do pop minimalista de vanguarda. Como disse Hütter, em 2003: "Em Autobahn, nós colocamos barulho de carros, metais, melodias básicas e motores afinados. Ajustamos a suspensão e a pressão dos pneus, rolamos pelo asfalto e usamos aquele som intermitente quando as rodas passam por cima das faixas. É uma poesia sonora, muito dinâmica". Autobahn é cinema para os ouvidos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

The Who - Who´s Next (1971)


Este é o album mais vendido do The Who - e do ponto de vista de seu líder, Pete Towshend, o melhor. Mais foi fruto de uma crise: Lifehouse, o album seguinte ao conceitual Tommy, tinha fracassado, depois de meses de trabalho, porque ninguem, à exceção de seu autor, o compreendeu. A foto de Ethan A. Russel para a capa de Who´s Next faz uma brincadeira com o filme 2001 uma odisseia no espaço, mas tambem serviu como uma mostra da grandiosidade da ambição da própria banda (uma idéia rejeitada para a capa era mostrar Keith Moon num espartilho, segurando um chicote). Humilhado, Towshend foi convencido a incluir as melhores canções num album que não contasse qualquer história. Algumas eram dificeis, como "Bargain"; outras contagiantes, como "Getting In Tune"; uma - a divertida "My Wife", do baixista John Entwistle - não tinha nada a ver com LifeHouse (a mulher em questão, garantiu Entwistle, não se ofendeu:não foi atrás dele - mas seus advogados, sim). Muito acima do resto paira o trio dos melhores hinos do hard rock. "Baba O´riley" - uma junção dos nomes do guru de Towshend, Meher Baba, do compositor vanguardista Terry Riley - é uma mistura sublime de sintetizador e guitarra; "Behind Blue Eyes" é um modelo de poesia com atitude e "Won´t Get Fooled Again" é simplesmente monstruosa. As tres fizeram parte do repertorio do Who no show pós 11 de setembro no Madison Square Garden, chamado The Concert for New York. Foi a apresentação mais aplaudida da noite, o que mostra como, mesmo depois de decadas, as músicas e o grupo continuam grandiosos.

Echo And The Bunnymen - Crocodiles (1980)




Repleto de uma pesada e fatalidade introspectiva e simultaneamente críptico e cáustico, Crocodiles marcou a estréia do Echo... em LP e em um importante selo, colocando o grupo em evidência na cena da música alternativa. Ian McCulloch, Will Sergeant e Les Pattinson estavam juntos desde uma performance alquímica no clube Eric, em Liverpool, no ano de 1978. O single Pictures On My Wall, lançado pela Zoo Records de Bill Drummond, tinha recebido uma acolhida calorosa por parte da imprensa e tanto as sessões para o DJ John Peel como os shows em Londres despertaram a atenção das grandes gravadoras. O Echo destacava-se dos outros grupos: a voz profunda e as letras enigmáticas de McCulloch fundiam-se com a guitarra sombria e distorcida de Sergeant para criar uma musica profundamente emotiva. A sua bateria eletronica (batizada de Echo) tinha sido substituída por Pete de Freitas. O álbum foi gravado em 3 semanas, em junho de 1980, nos estudios Rockfield, no País de Gales. Hermético, perturbador e com um tom de urgencia, o LP traz musicas que duram, na maioria, menos de 3 minutos e cada faixa é uma jóia negra. O lado A penetra sob a pele aos poucos, conduzido pelo baixo e a guitarra dissonante. "Stars are Stars" cria uma justaposição de desespero e otimismo que posteriormente iria definir o som do grupo. O lado B abre com "Rescue", uma musica que McCulloch considera um trinfo pessoal, e continua com a bad trip de ácido de "Villiers Terrace", terminando com a melancolia de "Happy Death Men". A fotografia da capa, tirada em um bosque do sudeste a Inglaterra, deu o tom para toda uma década de fotografias do grupo, ao mesmo tempo misterioso e ativo. McCulloch usa um sobretudo roubado de Mark E. Smith, líder do The Fall.

Gilberto Gil e Jorge Ben Jor - Gil & Jorge - Ogum Xangô (1975)



Gravado depois de um breve ensaio e com apenas dois violões (e um percussionista) no acompanhamento, Gil & Jorge foca os talentos individuais de Gilberto Gil e Jorge Ben Jor como músicos, vocalistas, interpretes e improvisadores. o disco é uma prova de que eles estão mais do que habilitados pra realizar a tarefa. As nove faixas, todas bem longas (o album foi originalmente pensado como duplo), mostram Gil e Ben interagindo em um nivel tão esplendido, e com tamanha empatia, que chegam a criar linhas musicais que se repetem várias vezes. As faixas mais notáveis - "Nega", "Taj Mahal" e "Meu Glorioso São Cristovão" - são extraordinariamente rítmicas e possuem as características contagiantes e tradicionais da musica popular brasileira. É quase uma hora e meia passada de forma idílica.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Led Zeppelin - Led Zeppelin IV (1971)


Levando pelo menos duas geraçõex de adolescentes a tocar guitarras imaginárias no quarto, Led Zeppelin IV praticamente definiu o hard rock e o heavy metal. O album tem um pouco de folk music, blues, rock e sons psicodélicos. Mas não ha engano: este era tambem o som de uma banda se preparando para encher estádios. Faixas cheias de riffs como Black Dog e Rock and Roll parecem ensurdecedoras perto das meditações mais espirituais de Misty Mountain Hope e Going to California. Stairway to Heaven revelou a crescente obsessão do grupo pelo oculto, a religião e a mitologia inglesa (havia rumores de que, se tocada de trás para frente, a faixa revelaria mensagens satanicas). A performance de Jimmy Page - especialmente os dois solos ferozes de Stairway to heaven (a canção mais tocada ate hoje nas radio dos EUA) - influenciaria legiões de grupos de rock com Aerosmith, Metallica e Tool. A mística do album foi alimentada ainda pela capa, que não contém o nome da banda nem do disco (daí seus apelidos, Four Symbols e Zoso, em referencia as simbolos rúnicos na parte interna). Isso posto, é bom ressaltar que o disco sofre, se bem que apenas ocasionalmente de excesso de pretensão. Se o album anterior, ...III, predominantemente acústico, era um pouco mais humilde, este mostra o Led Zeppelin em seu estado mais pomposo, e essa grandiosidade sonora deixou espaço para a banda ser ridicularizada. Cinco anos depois, o heavy metal seria superado pelo punk rock, um anúncio fúnebre para grupos como o Led Zeppelin. Mais isso ainda estava por vir. Led Zeppelin IV revela uma banda no auge de seus poderes - e com muita honra.

Emerson, Lake, And Palmer - Tarkus (1971)




Enquanto a Conferencia Internacional sobre Crimes de Guerra acontecia em Oslo, em junho de 1971, o Emerson, Lake and Palmer lançava seu segundo disco: um libelo contra a futilidade da guerra - a capa mostra um tanque-tatu. O tecladista Keith Emerson, o cantor e baixista Greg Lake e o baterista Carl Palmer começaram a trabalhar em janeiro no conceito criado por Emerson durante uma turne, parcialmente inspirado pelo compositor argentino Alberto Ginastera e gravado em seis dias de fevereiro. "Carl estava muito confuso com os diferentes compassos", contou Emerson à Contemporany Keyboard. "Ele me disse que gostaria de fazer algo em 5/4 e eu falei que trabalharia com essa ideia. Comecei a compor Tarkus a partir dai. Greg não tinha muita certeza de que daria certo. Era muito esquisito. Mas concordou em tentar e mais tarde, adorou a experiencia". A obra-prima de abertura é marcada por cargas de teclado estridente e percussão ressonante entre "Tarkus" e tres temas adversários - o meditativo "Stones of Years", o embromador "Iconclast" e o mal-humorado "Mass" - antes da derrota para o malvado "Manticore" da mitologia persa (como dão a entender o orgão de catedral e a bateria com phaser). Essas batalhas deixam o flanco aberto para "Eruption" - os sintetizadores Moog e Hammond de Emerson têm o reforço dos golpes explosivos de Palmer - e para a sublime "Battlefield" e o dramático "Aquatarkus". O lado B traz um certo alívio com o honky tonk de Jeremy Bender e o rock´n´roll de Are you Ready Eddy? (escrita para o engenheiro de som Eddie Offord). Bitches Crystal e Infinite Space são um passeio pelo jazz, enquanto The Only Way - um barroco bachiano - questiona a religião. Este album define a grandiosidade do rock progressivo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Janis Joplin - Pearl (1971)

Em sua breve carreira, Janis Joplin parecia estar sempre a beira do precipicio da autodestruição. Como Billie Holiday, eram a luta contra o vício em drogas e os relacionamentos apaixonados que faziam seu blues soar tão convincente. Ainda assim, a cantora aparentava estar dando um rumo a sua vida quando entrou no estúdio para gravar Pearl. Depois de ganhar o disco de ouro, em 1968, por Cheap Trills, ela saiu da Big Brother e reuniu uma banda mais versátil, a Full Tilt Boogie Band. Janis tambem parecia ter sossegado e estava noiva. Claro, sossegar em termos relativos. A capa do album mostrava Janis com seus companheiros habituais - a bebida e o cigarro. Pearl é um belo argumento em favor da idéia de que Joplin poderia ter sido não a maior cantora de blues da época, mas a maior cantora - ponto final. No começo do disco, quando a Full Tilt Boogie toma de assalto a faixa "Move over" e segue com o lamento Cry Baby, Joplin mostra uma immpressionante versatilidade vocal, enchendo as palavras de drama e paixão. As modulações de "A woman Left Lonely" a tornam compativel as grandes divas, como Bessie Smith. Joplin também sabia se divertir - basta ouvir Me and Bobby McGee e Mercedes Benz. Na verdade, a melhor faixa do disco não contém uma palavra cantada por Joplin. Ela foi encontrada morta, de overdose de Heroína, num quarto de hotel em Hollywood, antes que tivesse posto os vocais em "Buried Alive In the Blues". Lançado póstumamente, Pearl chegou ao topo das paradas e consolidou a lenda da cantora para todo o sempre.

Jorge Ben - Africa/Brasil (1976)


É impossível exagerar a influência de Jorge Ben na heterogênea confederação internacional do funk. Quando fez seu manifesto soul do Rio, África/Brasil, Ben já era uma força musical há mais de uma década, mas esta combinação de percussão de samba, metais R&B, um coro atrevido e uma rhythm guitar hipnótica destila a essência do ritmo de Ben. O álbum abre arrasador com a incendiária "Umbabarauma", que David Byrne usou para dar o pontapé inicial em sua antologia Música Popular Brasil. A brilhante mistura feita por Jorge Ben de Sly Stone e James Brown com os ritmos profundos do samba se dá de forma perfeita em "Xica da Silva", enquanto o refrão absurdamente contagiante da versão atualizada de Taj Mahal torna claro porque Rod Stewart o copiou em seu hit "Do Ya Think I'm Sexy". Ben começou sua carreira tocando bossa nova, seguindo os passos de João Gilberto. Ele emplacou um grande sucesso internacional em 1963, com "Mas Que Nada", mas sua música atingiu seu auge criativo nos anos 70, quando integrou completamente a influência do funk americano e do R&B com a percussão pesada e sincopada dos ritmos afro-brasileiros. Seu poderoso trabalho no violão, a voz quente e íntima e a genialidade da produção resultaram numa série de álbuns excepcionais, culminando com África/Brasil. Embora não tenha sido uma figura central do movimento tropicalista do final dos anos 60, que juntou Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Gal Costa, a exploração dos temas africanos feita por Ben serviu de inspiração para muitos artistas brasileiros.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Deep Purple - Made in Japan (1972)


Enquanto os EUA empurravam o Vietnã do Norte para a mesa de negociações em Paris, o Deep Purple soltava uma carga de canhão na forma de um album duplo ao vivo. Depois de uma turnê pela America durante o verão, eles foram ao Japão, onde o selo regional pressionou o grupo a fazer uma gravação ao vivo para saciar os fãs locais, que cantaram cada palavra das letras nsa tres noites de shows, em Osaka e Toquio, no mes de agosto. A banda insistiu em que o engenheiro Martin Birch coordenasse a gravação. Ian Gillan, que vinha sofrendo com uma inflmação na garganta, estava com vergonha de seus vocais, mas sua avaliação foi mais crítica do que a voz. A gravação foi lançada sem overdubs e demonstrou a majestade nua e crua do Deep Purple no auge de seu poder. O album foi lançado na Inglaterra apenas para inibir o mercado pirata. Mas vendeu tão bem nos EUA que acabou ganhando uma edição local, na primavera de 1973, e chegou ao sexto lugar nas paradas, se tornando o disco do Purple mais vendido no país. Made in Japan, a essa altura, ja era considerado um classico. Cada faixa traz uma versão sólida e melodramática da gravação em estúdio. Highway Star abre o disco com furiosos teclados, guitarra e percurssão, que se fundem numa tempestade sonora coroada pelos gritos primais de Ian Gillan. Seu vocal dolorido em Child in Time oferece uma pausa antes do balanço de Smoke on the Water e Strange Kind of Woman. O guitarrista Richie Blackmore e o tecladista Jon Lord saem de si nos solos de Lazy e The Mule é uma vitrine para o virtuosismo de Ian Paice. A gigantesca Space Truckin - 20 minutos de caos estratosférico - se enquadra no que a Rolling Stone descreveu como "delícia garantida (...) o monstro do metal definitivo do Purple". Imperdível!!!

Milton Nascimento e Lô Borges - Clube da Esquina (1972)


Se Clube da Esquina fosse apenas a resposta brasileira a Sgt. Pepper..., já se destacaria como uma importante contribuição ao pop internacional. Mas esta magnifica coleçaõ de canções, lançada originalmente como um album duplo, também transformou Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Toninho Horta em artistas de sucesso pelo próprio talento. Embora Milton Nascimento - um cantor carismático com um falsete puro e cheio de espiritualidade - seja o centro de gravidade do album, ele ainda não era uma grande estrela, e ...Esquina é muito mais um trabalhho de grupo, co-creditado também a Borges. O disco mistura sons oníricos, letras surrealistas e uma ampla variedade de influencias sul-americanas. É um marco da musica popular que abriu as portas da criação para outros artistas. O clube da esquina era um grupo de amigos de Belo Horizonte (MG). Eles passaram 6 meses, em 1971, numa casa alugada na Praia de Piratininga, em Niterói, compondo e compartilhando seu amor pelos Beatles. De volta ao estúdio, a música ganhou uma grandiosidade suntuosa com a orquestração de Eumir Deodato e Wagner Tiso. O album contém uma série de classicos, como "Cravo e Canela" e "Nada será como antes". A influência dos Beatles é particularmente forte no "Rock Mineiro" de Lô Borges, em faixas como "O trem azul" e "Nuvem cigana", músicas delicadas, cheios de encanto e sutilezas.
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