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Território da Música: Artigos (Rock)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Deep Purple - In Rock (1970)


Um marco do hard rock, o quinto album do Deep Purple apareceu quando uma outra guerra no Oriente Medio havia estourado em meados de 1970. Era o clima apropriado para soltar o que a revista Rolling Stone havia resumido como "uma obra dinamica e frenetica, parecida com o som do MC5" - embora o disco seja muito mais que isso. O album com sua capa parodiando as esculturas de pedra do Monte Rusmore, foi gravado em Londres pela formaçãoque se tornaria classica em Mark II: o guitarrista Richie Blackmore, o tecladista Jon Lord e o baterista Ian Paice, com os garotos Ian Gillan nos vocais e Roger Glover no baixo. O resultado foi um som que deixou os medidores da mesa de gravação (manipulada pelo futuro produtor do Iron Maiden, Martin Birch) permanentemente no vermelho. O material tinha tendências progressivas, em especial "Flight of the rat", na qual a bateria de Paice soa como tambores indigenas e os redemoinhos do Hammond tocado por Lord complementam os riffs de Blackmore. Mas In Rock é reverenciado por sua força devastadora, como em "Speed King" - uma música demolidora de Glover, no estilo de Hendrix, na qual Gillan ri e grita de forma perversa -, na estridente "Hard Lovin Man" e em "Into to the Fire", que inclui riffs ferozes à la Sabbath. "Child in Time", segundo o Purple, é "a história de um fracassado. Podia ser você." Essa dolorosa grandiloquencia e os orgásticos gemidos agudos da canção resumem plenamente a banda e sua época. O Deep Purple esperou Lord terminar seu lamentável Concerto for Group and Orchestra para gravar o album, em tres estudios londrinos, entre outubro de 1970 e abril do ano seguinte. Valeu a espera.

Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)


Mesmo no início de sua carreira, a visão d grupo de heavy-blues e folk-rock mais famoso e influente do mundo era caracteristica e unica. Ao atualizar os riffs arrasadores de pioneiros como o Cream e transforma-los num novo e inspirado tipo de rock, o Led Zeppelin tanto ultrapassou as fronteiras da musica em seu album de estreia, de 1969, como se manteve fiel as suas raízes no folk, blues e R&B. A guitarra cheia de estilo de Jimmy Page em "You Shook Me", e "I can quit your baby", ambas de Willie Dixon, mostra a base solida da banda. O futuro do rock nos anos 70 foi mapeado em músicas que até hoje são as melhores do grupo, como "Dazed And confused"(atenção para a robusta linha descendente do baixo) e "Communication Breakdown" (com um riff claro e limpo, quase no estilo de Pete Towshend). O baixo extraordinario de tremer o chao de John Paul Jones em hinos como "Good Times, bad Times", só encontra algum tempo de comparação em John Entwistle e talvez, Roger Groover, enquanto o jeito de tocar do hoje lendario John "Bonzo" Bonham - como muita pressão, mas sem perder a espontaneidade, tornando as musicas do Led ainda mais grandiosas - virou uma regra até para ele proprio. O Led Zeppelin era bem do que a soma de seus integrantes. As letras estranhas, geralmente ingenuas, embora idolatradas pelos fãs, e o vocal definitivo do rock de Robert Plant encontraram o seu melhor, talvez, em albuns posteriores da banda. Em 1969, os músicos ainda tinham que se ajustar. Mas o marco estabelecido por este disco multilateral e dinâmico o transformou em alvo de merecida adoração.

Yes - Close To The Edge (1972)


Este album é a apoteose do rock progressivo. Antes de mais nada, traz o enigmatico design da capa de Roger Dean, numa embalagem que tanto serve para ser admirada como para enrolar cigarros de maconha. A lista de musicas é outro destaque com apenas tres faixas, sendo duas em quatro movimentos, numa estrutura semelhante à de uma sinfonia. Ao tirar o disco da capa, as letras obscuras e deliciosas de Jon Anderson se revelam em toda sua glória. A melodia de Close to the Edge é uma maravilha. Se o Yes havia mostrado talentos individuais em Fragile, lançado no mesmo ano, neste album a banda forja um todo mais coeso, alcançando o equilibrio entre a estética e a audácia. Sua visão eclética faz com que o grupo vá de um jazz furioso ao floreado gótico do orgão, passando pelo balanço do rock - um passo em falso e tudo se desmantela. No entanto, o disco apresenta um time de músicos brilhantes, cada qual procurando ampliar os limites da linguagem do rock. Os ritmos melódicos de Bill Bruford e Chris Squire formam a base perfeita para as linhas da guitarra funky, com pinceladas orientais, de Steve Howe e para o rococó dos teclados de Wakeman. No centro está o timbre agudo de Jon Anderson. Essa mistura podia não ter funcionado, mas deu certo - e lindamente. O equilibrio frágil de seu trabalho era bom demais para durar. Bruford deixou a banda logo depois de terminar o LP para se juntar ao King Crimson. O lançamento seguinte do Yes, Tales From Topographic Oceans - um album duplo com quatro musicas - acabou sendo uma tentativa ambiciosa demais do grupo para se superar.

Quicksilver Messenger Service - Happy Trails (1969)



Ao contrário da maioria das bandas hippies da area do Haight-Ashbury, em São Francisco, o Quick Messenger Service conseguiu transferir a exploração sonora de suas apresentações ao vivo para o estudio - é só ouvir seu primoroso album de estreia, de 1968. Mas a banda levantaria a bandeira da extravagancia em seu disco Happy Trails, gravado praticamente todo ao vivo no Filmore West. A faixa de abertura, "Who do you love", de Bo Diddley, ocupa todo um lado do LP e é até hoje um dos temas psicodélicos mais vibrantes ja registrados em vinil. Dividida em seis partes - as quatro centrais apresentam cada uma um integrante diferente da banda - a suíte "Who do you Love" mostra como deveria ser relaxar, tomar ácido e dançar até as quatro da manhã numa daquelas festas de Bill Graham. O grupo continua no melhor de Diddley com "Mona", um trabalho coeso mas, ainda assim, solto, no qual John Cipollina faz uma das apresentações mais intensas de sua impressionante carreira. "Calvary" é uma mistura arrepiante de estilos, levando a um final glorioso de 13 minutos. O disco fecha com a breve despedida de Happy Trails (o tema característico do cowboy Roy Rogers na TV), que combina perfeitamente com o desenho de época na capa de George Hunter. Happy Trails vendeu bem e chegou aos Top 30 nos EUA. O album se mantém como um claro retrato da banda no auge de seu poder de improvisação, e sua influência ainda pode ser sentida na música das jam-bands de hoje.

The Small Faces - Ogden´s Nut Gone Flake (1968)


Embora so tenha surgido um ano depois do Verão do Amor, o terceiro e ultimo LP desse quarteto mod é parte essencial do movimento psicodélico britânico. Se os grupos de São Francisco tinham um viés político, os ingleses preferiam algo um pouco mais frívolo - que garantisse a todo mundo uma boa viagem. Steve Marriot não atacava a Guerra do Vietnã, mas, sim, as queixas de seus vizinhos sobre o barulho que fazia. Metade do Lado A é repleta de rock psicodélico (a faixa-título, "Afterglow" e "Song Of a Baker"); as outras tres faixas são músicas do vaudeville londrino misturadas num liquidificador lisérgico. O Lado B, no entanto, é o que torna este album memorável. Numa época em que isso era moda, a banda surgiu com Happiness Stan, um sujeito que vai a procura do lado oculto da lua, numa viagem, quem o coloca em contato com moscas falantes e com um eremita chamado Mad John, e tudo termina em festa. A história é conduzida pela narrativa do comediante Stanley Unwin, que usa uma linguagem bizarra, tipicamente britânica, na gíria beat de hipsters como Lord Buckley. Faz tanto sentido que ao mesmo tempo que é possivel entender cada palavra, é de rolar de rir. Infelizmente este estilo "miniópera" tornava as apresentações ao vivo quase impossíveis, e Steve Marriott morria de frustração. O resto da banda ganhou fama com Rod Stewart como os The Faces, mas ficou pra sempre a sensação de que a chance foi perdida. E a capa? Uma obra-prima premiada: uma imitação de uma lata redonda de tabaco que, aberta, contém papel de cigarro e uma colagem psicodelica. O que queriam dizer com isso?

The Grateful Dead - American Beauty (1970)


Apesar de a tecnologia de estudio ter dado saltos qualitativos no final dos anos 60, alguns grupos, como o Grateful Dead, pareciam se divertir com jeito indisciplinado de gravar. Mas Workingman´s Dead de 1970 - uma obra madura em termos de musica com referencias as suas raízes no country pop e jazz - surpreendeu os fãs. O album seguinte American Beauty, porem, superou todos os outros e se tornou o trabalho definitivo do grupo. É uma alegria ouvir este album: rico no acompanhamento acústico (que inclui pedal steel guitar e bandolim), traz backing vocals redondos e tem a presença sutil de instrumentos elétricos. American Beauty consolidou o grupo como algo mais do que uma banda house, por conta de seu carismático líder, Jerry Garcia. Pela primeira vez o Dead parecia uma unidade coesa, com um time de cantores e compositores talentosos, como Phil Lesh e Bob weir. A primeira canção "Box of Rain" escrita por Lesh, é o exemplo perfeito do recém-descoberto entusiasmo do grupo pela gravação em estúdio; na alegre "Sugar Magnolia", Weir conduz um dos melhores momentos do disco. Garcia, no entanto continua a ser a ancora incontestável da banda, contribuindo, em especial, com uma trilogia de peso para o repertório - "Candyman", "Ripple" e "Friend of the Devil" -, alem de tocar de forma expressiva a pedal steel. A faixa de encerramento, "Truckin", também perduraria como um hino para gerações de amantes do Dead. Tocado com maestria e trazendo harmonias vocais extraordinárias, este álbum complexo influenciou sucessivas gerações de musicos, da Costa Oeste à recente onda de Liverpool, como o The Coral e os Zutons.

The Byrds - Mr. Tambourine Man (1965)


Os Byrds se tornaram o primeiro grupo dos EUA a rivalizar, artística e comercialmente com o dominio dos Beatles, quando o vocal do líder Jim (mais tarde, Roger)MCGuinn - uma mistura de John Lennon com Bob Dylan - se juntou a harmonização de Gene Clark e David Crosby e ao som agudo da guitarra Rickenbauer de 12 cordas no single Mr. Tambourine Man. A banda tambem garantiu a Dylan o primeiro lugar nas paradas internacionais como compositor, o que influenciou sua descisão de usar a guitarra elétrica e dar o pontapé inicial no movimento folk-rock. O LP Mr. Tambourine Man ampliou o escopo do single, trazendo outras 3 versões calibradas de músicas de Dylan, entre elas o hit "All the Really Want to do". O album tambem revelou o talento do compositor Gene Clark. Ele contribuiu com a canção que contém a essencia dos Byrds, "I´ll feel a whole lot better" (mais tarde gravada por Tom Petty), e escreveu ou colaborou em mais quatro faixas, incluindo as odes ternas ao amor de "You Won´t have to Cry" e "Here Without You". Os Byrds homenagearam suas raízes folk com a sublime "The Bells of Rhymney", que inspirou diretamente os Beatles em "If i Needed Someone". Em agradecimento a Jackie De Shannon, patronesse do grupo, eles gravaram "Don´t Doubt Yourself, Babe", escrita por ela, acrescentando uma batida a la Bo Diddley. Tambem fizeram uma releitura do hino da Segunda Guerra Mundial "We´ll Meet Again", de Vera Lynn, da trilha sonora do filme Dr. Fantastico, um sucesso da banda em seus primeiros shows ao vivo. A alternância de guitarras e a suave harmonia dos Byrds permaneceram até hoje, inspirando um sem-numero de grupos como The Pretenders, The Smiths, Stone Roses, R.E.M. e Primal Scream, para citar apenas alguns.
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