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Território da Música: Artigos (Rock)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

The Kinks - The Kinks Are The Village Green Preservation Society (1968)


Hoje em dia quando The Village Green..., é universalmente aclamado como uma obra-prima do pop e um dos melhores discos dos kinks, é dificil imaginar a indiferença que acompanhou o lançamento do album em 1968. É provável que tenha soado ingênuo em comparação com Hendrix, os Stones e a Guerra do Vietnã - mas que músicas! Depois de anos produzindo mecanicamente singles de sucesso, Ray Davies estava estressado e ansioso por uma mudança de ares. Então mergulhou nas lembranças idealizadas de sua juventude, em busca de inspiração. O resultado foi um disco de canções atemporais sobre pastagens, álbuns de fotografias e primeiros beijos.A faixa-título, "The Village Green Preservation Society", detona o processo com uma excêntrica ode ao Pato Donald e à geléia de morango. "Do you Remember Walter", com seu piano explosivo e sua batida ressonante, captura o subtexto de melancólica nostalgia do disco, enquanto Davies canta: "Aposto que voce está gordo, casado e sempre vai para a cama por volta das oito e meia da noite." Outros destaques incluem jóias cativantes como "Picture Book" e "Animal Farm", ou a beleza sublime de "Big Sky" e "Sitting By The Riverside". Mesmo o coro bizarro de "Phenomenal Cat" é - claro - fenomenal.Os fãs devem procurar a edição de luxo deste álbum essencial, com três CDs, lançada pela Sanctuary Records, que traz ainda um caminhão de raridades.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Country Joe And The Fish - Electric Music For The Mind And Body (1967)


Militante de esquerda antes e depois de um período na Marinha, Joe McDonald chegou a São Francisco como estudante, mas rapidamente se viu absorvido pelo cenário folk e pela Instant Action Jug Band (batizada de Country Joe and the fish para o mercado fonográfico, um nome que invocava - para quem conhecia - Stalin e Mao). Foi apenas no verão de 1966 que a banda começou a substituir os instrumentos de musica folk por guitarras elétricas, e o segundo extended play (EP) do grupo deu suficiente gás para sua contratação pela Vanguard, de Nova York, especializada em folk e clássico, que vinha assistindo a transformação de sua rival Elektra num confiável selo de Rock.

Naquele tempo, São Francisco era um celeiro de estudantes radicais movidos a LSD e política. No cenário musical, o movimento psicodélico estava em seu estágio embrionário, com poucas bandas conscientes das possibilidades que o ano de 1967 traria. O LP do The Fish abriu as portas para tudo o que viria nos dois anos seguintes - mesmo com a insistência da Vanguard em não incluir no disco a canção mais popular do grupo em apresentações ao vivo, "I Feel Like I'm Fixin'To Die Rag".

Entrelaçando humor ácido em seus ácidos ritmos, Electric Music... é um dos discos mais coerentes do Verão do Amor e da geração hippie; as guitarras alternam efeitos suaves e golpes no cérebro; as letras contêm ataques satíricos a Lyndon Johnson ("Superbird") e épicos resolutos sobre drogas ("Bass Strings");há blues, folk e rock para todos os gostos. E, no rastro deste álbum, o humor do país, sua juventude e sua música mudaram completamente. Nada mal.

terça-feira, 29 de julho de 2008

The Incredible String Band - The Hangman's Beautiful Daughter (1968)


Esta maravilha do acid folk é uma poderosas semente da atual "world music", e uma máquina do tempo que leva ao estilo hippie de vida rural da Inglaterra entre 1966 e 1973. O colorido idílio campestre sugerido pela capa (o duo do ISB, Mike Heron e Robin Williamson, aparece com vários integrantes da banda e os filhos de um amigo) certamente inspirou muita gente a tentar uma vida comunitária no campo.

Empurrados por Joe Boyd, um produtor de música folclórica de Glasgow, os Incredibles se firmaram como um grupo hippie da Inglaterra, evoluindo rapidamente para o mundo underground com o disco The 5,000 Spirits, de 1967. Seu talento para compor e aparente habilidade para tocar qualquer instrumento disponível na trilha hippie até o Marrocos (gimbri, oud, cítara, etc.)cativou gente como McCartney, Dylan, Plant e Winwood. Jagger e Richard até presentearam a banda com um Bentley, numa tentativa infrutífera de contratá-la para seu selo, quem sabe, num chá para astros...

O zunzunzum em torno do grupo culminou com The Hangman's..., lançado na primavera de 1968, que chegou ao quinto lugar na parada britânica. O disco revela uma consistente grandeza de visão, musicalidade e letras que os Incredibles não conseguiram repetir. O álbum foi gravado na Sound Techniques, com um então revolucionário equipamento de oito canais, e a banda pode mixar uma versão sonora única de seu sonhos coloridos, uma tapeçaria tecida somente com instrumentos e sons acústicos. Cada faixa mais parece uma suíte do que uma canção, trazendo música celta, rock'n'roll, gospel, harmonias plenas, momentos quase qwaali e a sonoridade da Índia e do Norte da África sem esforço aos nossos ouvidos.

domingo, 27 de julho de 2008

Big Brother And The Holding Company - Cheap Thrills (1968)


"O que estamos tentando fazer com a música é apenas voltar aos bons e velhos tempos, quando a gente dançava e ficava doidão." - Janis Joplin 1968



A fama de Cheap Thrills entre os críticos repousa na grandeza teatral do vocal cru e visceral de Janis Joplin. Misturando tradiçoes e influencias à atmosfera típica do Haight, o distrito hippie de São Francisco, as performances de Joplin neste album transcendem qualquer discussão da época a respeito de uma texana branca ter ou não condições de cantar blues. Se for possível extrair mais emoção das músicas, não será neste planeta.

Depois da apresentação do grupo no Festival Pop de Monterey, em 1967, o publico aguardava com ansiedade o lançamento do disco. Cheap Thrills prontamente alcançou o primeiro lugar nas paradas americanas e ali se manteve durante oito semanas, ganhando o disco de ouro; o single "Piece Of My Heart" chegou ao 12º. A voz de Joplin torna o album atemporal (sua leitura vulcânica de "Ball And Chain", Willie Mae Thornton, foi um dos destaques de Monterey; cenas filmadas mostravam Mama Cass assistindo à apresentação de Janis Joplin em êxtase). O disco, porém, contém muitas lembranças do Haight-Astbury do final dos anos 60. Sua intensidade pode ser percebida nos simbólicos quadrinhos de Robert Crumb na capa (a foto de Janis Joplin acabou indo parar na contracapa), e também na exuberância com que a banda adota uma variedade de estilos de música negra - especialmente o doo-woop, o soul e o blues. As limitações de gênero são claras: às vezes, o tom pesado dos solos e dos ritmos da banda a impede de alçar vôo com Joplin; é a voz dela, suplicante, enlevada e potente, que permanece.

Sendo assim, não é surpresa que ela tenha deixado o Big Brother (com o guitarrista Sam Andrew) quando o album ainda estava nos primeiros lugares - infelizmente, Janis nunca encontrou outro contexto musical que realmente a alimentasse.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

The Mothers Of Invention - Freak Out! (1966)


A banda de Frank Zappa ra conhecida simplesmente como The Mothers, até que uma nervosa MGM se deu conta do que a empresa tinha nas mãos com este demolidor disco de estréia. As vésperas do lançamento de Freak Out!, o segundo album duplo da história do rock (Blonde On Blonde, de Dylan, havia acabado de sair), a gravadora entrou em pânico com a idéia de que as possíveis implicações do controvertido nome do grupo pudessem afugentar os DJs. "Como se o nosso nome fosse o Grande Problema", observou secamente Zappa em sua autobiografia.

Nascidos no coração da florescente cultura freak da Costa Oeste e contratados pelo produtor Tom Wilson, Zappa e sua banda decidiram fundir cabeças na sua estréia. E mais, o disco tinha um propósito. "Cada música tinha uma função, dentro de um conceito totalmente satírico", disse Zappa.

"Who are The Brain Police?" resume bem esse conceito: uma queixa arrepiante contra o autoritarismo, que descreve como os objetos e a mente podem derreter. Há em todo disco músicas abertamente esquisitas, paródias do pop fácil, como "Go Cry On Somebody Else's Shoulder", um pastiche do doo-wop, em contraponto com canções de amor com arranjos elaborados, como "How Could I Be Such A Fool?". As guitarras psicodélicas e os riffs de dirty blues tornam o álbum mais profundo no segundo disco: "Help, I'm Rock" depura a essencia do freak e torna tudo abstrato; "The return Of The Son Of Monster Magnet", que ocupa o lado D inteiro do lançamento em vinil, é um encerramento experimental e barulhento.

Freak Out! marcou o surgimento de um compositor único e desafiador, que ultrapassou fronteiras ao longo de toda a sua carreira.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Mott The Hoople - Mott (1973)


A quimica entre o vocalista do Mott The Hoople, Ian Hunter, e o guitarrista do grupo, Mick Ralphs, ameaçou desandar durante a gravação de Mott - o unico album da banda a entrar na lista dos 10 mais da Inglaterra - em 1973, Hunter tinha, antes, se juntado à pequena banda
de Ralphs, Silence, como tecladista, mas acabou exercendo um papel mais importante como cantor e compositor, depois do lançamento do hit "All the Young Dudes", produzido por David Bowie.

No primeiro single, "Honaloochie Boogie", o grupo cresceu com a participação de um violoncelo e do saxofone de Andy Mackay (o Roxy Music estava gravando For You Pleasure ao lado da banda no Air Studios, em Londres, e Mackay, parece, estava louco para entrar no Mott). A faixa de abertura, "All the Way From Memphis", continua sendo um dos melhores momentos de Hunter. Brian May do Queen - que foi a banda de apoio do Mott na turnê pelos EUA -, se lembra da apresentação dessa musica em Memphis como "um grande momento de reconhecimento à primeira capital do rock branco".

O Mott the Hoople não esqueceu seu lado mais selvagem, mesmo quando Bowie orientou a banda a deixar essa vertente temporariamente de lado, e "Violence" colocou em evidencia sua rudeza pré-punk. Ralphs teve seu momento solo de glória na faixa "I'm A Cadillac", seguida pela
instrumental "El Camino Dolo Roso", na qual se destaca a slide guitar.

Para Ian Hunter, Mott foi "o album mais completo que fizemos, mas ficou marcado pela tragédia, porque Ralphs estava saindo". Hunter tinha, agora, os holofotes só para si, mas havia perdido sua alma gêmea. Ele procurou outro parceiro à altura em Mick Ronson, mas nunca superou Mott.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Bad Company - Bad Company (1974)


Enquanto a Turquia se preparava pra invadir Chipre, em meados de 1974, Peter Grant, o empresário do Led Zeppelin, lançava seu próprio exército: Paul Rodgers (voz) e Simon Kirke (bateria), ex-integrantes do Free; Mick Ralphs, que foi guitarrista do Mott The Hoople; e o ex-King Crimson Boz Burrel (o 16º baixista testado para ocupar uma vaga no grupo).

Muito antes do Queen se tornar famoso, Rodgers - que mais tarde tocou com a banda - já era um astro do rock´roll (conhecido também por seu acordeão) e havia grande expectativa sobre sua primeira aparição depois da saída do Free. Ele não decepcionou.

Rodgers e Ralphs formaram o Bad Company - o nome foi inspirado no western Má Companhia, de 1972, estrelado por Jeff Bridges - depois de terem se encontrado em turnês e jams. O Led Zeppelin adotou os dois e os contratou para seu selo próprio, Swan Song. Bad Company foi feito num intervalo na agenda de gravações do Zeppelin, em novembro de 1973, no estúdio de Ronnie Lane, em Headley Grange.

O album, que chegou ao terceiro lugar nas paradas americanas, capta uma energia movida a altas doses de cocaína, num som que segue um modelo do Cream de Hendrix, juntando soul e country. O disco traz maravilhas como "Can´t Get Enough...", a comovente "Movin On", a suplicante "Ready For Love" e a balada "Seagull". Bad Company contou com o trabalho do engenheiro de som Roy Nevison, que mais tarde se tornou produtor. A bateria de Kirke foi posta num corredor para a gravação e os vocais da faixa-titulo foram feitos a noite, para criar o clima, num terreno das vizinhanças. Como lembra Rodgers, "álcool e drogas" eram o verdadeiro combustivel da banda, mas Bad Company é um exemplo perfeito do blues rock alto astral. Steve Clarke, da revista NME, se entusiasmou: "Tudo o que eles tocam vira "ouro". Ele poderia ter dito platina, também.

ZZ Top - Tres Hombres (1973)


Tres Hombres marcou a entrada do ZZ Top no clube dos grandes como uma das melhores bandas dos EUA. Os críticos sempre vão ter dificuldade em dizer qual foi a melhor época do ZZ - os anos 70, quando fazia um blues rock absoluto, ou os anos 80 e 90, com seu pulsante blues disco. O que está fora de discussão é que suas raízes texanas eram totalmente inseparáveis do seu som sujo e obsceno.

Tres Hombres é uma mostra do que há de magnifico no grupo - e a inclusão do grande sucesso "La Grange" não é tudo. De fato, "La Grange" - construída em cima de um riff tão simples e, ao mesmo tempo, tão inspirado que não é possível esquecê-lo - é um trabalho atípico da banda, com murmúrios no vocal que eram uma novidade. "Preciou And Grace" - a história de duas mulheres que pedem carona e, depois, se revelam ex-presidiárias - mistura um belo riff no estilo do Led Zeppelin com um refrão enérgico e quase psicodélico. As duas faixas vêm juntas num encaixe perfeito. "Move Me On Down The Line" é um boogie que parece inspirado em Jack Bruce, em sua fase pós-Cream. "Jesus Just Left Chicago" é outra joia que flui sem esforço. A incrível "Master Of Sparks" fala de uma tradição do Texas, a de colocar os amigos na traseira de uma caminhonete, a toda velocidade, por toda pura diversão.

A capa do álbum diz tudo, embora as fotos de perfil dos três rapazes escondam o fato de que eles tinham apenas pouco mais de 20 anos.

Alice Cooper - School´s Out (1972)


Quando chegou a Los Angeles, vinda de Tucson, Arizona, a banda de Alice Cooper criou uma imagem controvertida e foi contratada pelo selo de Frank Zappa, Straight.Dois mal-afamados albuns de pandemomio psicodélico depois, o grupo se mudou para Detroit e ficou amigo dos Stooges, para quem o rugido da cidade dos automóveis era tão vital em sua evolução quanto a produção de Bob Ezrin.

Quando a Warner comprou a Straight, a banda de Alice Cooper foi pressionada a fazer um novo disco. Depois de dois LPs de hard rock e alguns sucessos em singles, produzidos por Ezrin, Cooper e seu grupo encontraram o seu som e reforçaram sua popularidade, fazendo, em seus shows para multidões, uma performance bizarra, como se fossem bufões do Grand Guignol.

O impacto visual de Alice Cooper foi completamente transferido para o vinil em School´s Out, o album precedido pelo single homonimo de grande sucesso. Foi seu single mais popular até então - uma rebelião descrita por riffs mortais e slogans revoltados, que se tornou um hino do punk rock para qualquer adolescente constestador do inicio dos anos 70. A banda - guiada pela voz depravada de Cooper e o pop cruel do guitarrista Michael Bruce - trabalhou duro com Ezrin num album conceitual, inspirado no musical Amor, Sublime Amor. Esta fantasia criativa sobre a delinquencia juvenil trazia suntuosos arranjos no elilo das big bands de jazz ("Gutter Cat Vs. The Jet"", "Grand Finale", "BlueTurk") e operístico ("My Stars"), imitação do Beatles ("Alma Mater"), além de rocks maravilhosos ("Luney Tune" e "Public Animal Nº 9"). O rock vaudeville de Alice Cooper, superproduzido mas, ainda assim, um perfeito épico adolescente, seria a referencia para artistas como Marylin Manson e Turbonegro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Genesis - The Lamb Lies Down On Broadway (1974)


Embora 1974 possa ser visto como o ano do apogeu dos excessos do rock progressivo, este album é sombrio e frágil, com uma instrumentação frugal. Gravado na zona rural do País de Gales numa época difícil para o Genesis - os vocais de Peter Gabriel foram registrados à parte, no Island Studios, em Londres -, o disco, na verdade, mostra o grupo em sua melhor forma.

Gabriel, naqueles tempos, era considerado um compositor sério e tomou para si a tarefa de escrever um Pilgrim´s Progress (O Peregrino) moderno. A obra conta a história de Rael, um punk de rua porto-riquenho que se veste todo de couro. Um dia ele vê um cordeiro - isso mesmo - deitado em plena Broadway. Pode-se questionar se alguem, inclusive Gabriel, entendeu a história, mas o album duplo contém sua letras mais consistentes e a performance instrumental mais expressiva da banda.

"Back In NYC", mais tarde revisitada por Jeff Bucley em suas últimas gravações, é um anuncio do punk; "In the Cage", com oito minutos, marca o climax do album, assim como "Supper´s Ready"; "Carpet Crawlers" foi outro hino do grupo; e "The Chamber Of 32 Doors" permite que Gabriel libere a soul music na qual havia mergulhado quando era adolescente.

O album, que tem uma capa limpa e moderna, foi finalmente lançado, sob aplauso geral, em 1974. É um disco de vocalista, o que explica por que os musicos o odiaram e pro que Gabriel o adorou. É claro que ele não teria mais tanta liberdade no Genesis e, ao final da exaustiva turnê mundial para a divulgação do album, Gabriel deixou o grupo.

Pink Floyd - The Dark Side of The Moon (1973)


Solos de guitarra de acid blues. Letras que falam de desgraças e guerras. Um título espacial. Lançado em 1973 por um grupo de anônimos, mas de grande influência.

Esta é a descrição de Cosmic Slop, do Funkadelic. Não tem nada a ver com The Dark Side of The Moon, exceto pelo fato de que ambos são a trilha sonora de uma era de cinismo, quando o caso Watergate e a Guerra do Vietnã mataram o que havia sobrado do espírito dos anos 60 depois do Altamont.

Esta obra de época teve, porém, um início banal. Ansiosa para se desprender dos grilhões psicodélicos, a banda se reuniu na cozinha do baterista Nick Mason para fazer uma lista das coisas que a incomodavam. Essas preocupações - tempo, dinheiro, loucura, morte - foram combinadas com musicas no estilo meio funk rock de Obscured By Clouds e apresentadas numa turnê, durante um ano, com o nome de Eclipse (A Place For Assorted Lunatics). Salpicada pelo pozinho mágico dos estúdios - vocais gospel, solos explosivos, efeitos sonoros -, Eclipse virou The Dark Side of The Moon. Na esteira da fama angariada pela banda nas apresentações ao vivo, o album vendeu um milhão de copias nos EUA e foi para a estratosfera quando a Capitol, associada à Harvest, transformou "Money" num raro hit do Floyd em single.

Hoje o album pode ser encontrado em edições comemorativas e já foi regravado por um grupo de reggae de paródias (Dub Side of The Moon, de 2003) e pelo Phish. Quando a capa é aberta, surge um prisma que reflete um raio de luz, de forma infinita. Uma das imagens míticas do rock, o prisma evoca tanto o lendário show do Floyd quanto a ambição "exagerada" das letras.

Com essa carga simbolica, podia se esperar que o album fosse uma chatice. Mas, na verdade, é uma coleção de canções brilhantes, melodiosas e vibrantes. Para os iniciantes em Pink Floyd, esse é o primeiro passo.

Led Zeppelin - Led Zeppelin II (1969)


O segundo album do Led Zeppelin é mais notável pelo curto espaço de tempo que seus criadores tiveram para aperfeiçoa-lo - Led Zeppelin II foi gravado durante os intervalos dos shows, em meio a uma turnê nos EUA. De certa forma, parece claro como a pressa tornou o album melhor: as faixas "Whole Lotta Love", "The Lemon Song" e "Bring It On the Home" são baseadas em clássicos eternos do blues e mantém uma crueza que teria sido polida se houvesse mais tempo e dinheiro.

A banda consegue, de modo ainda mais impressionante conservar todas as sutilezas, apesar da pauleira das apresentações ao vivo que encarava todas as noites: os principiantes tem de ouvir "Ramble On", uma bela e multifacetada balada acústica com um refrão opressivo que sintetiza os principios basicos da banda - riffs pesados e pouca moderação. "Thank You" é outro trabalho acústico extremamente bem executado, mas o que torna o album soberbo até hoje são os sons grandiosos de Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham.

"Whole Lotta...", em particular, conseguiu superar a barreira do tempo, ja que foi, durante anos, tema do eterno programa musical da Tv Britanica Top Of The Pops e figurinha fácil no album de favoritos de qualquer amante do rock. De fato, canções como esta entraram e reentram tantas vezes nos cânones do rock que ultrapassaram o ponto de clichê e se eternizaram como intens do vocabulário musical. Tudo isso faz com que seja ainda mais fascinante o fato de este segundo disco do Led ser tão cheio de luz e sombra.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Dead Kennedys - Fresh Fruit For Rotting Vegetables (1980)


Não é por acaso que o album de estreia dos Dead Kennedys foi lançado no ano em que Ronald Reagan foi eleito presidente dos EUA. A postura populista de direita de Reagan, combinada com o fundamentalismo cristão, serviu de contraponto perfeito, bem como de inspiração, para
uma musica radicalmente politica da banda.

A influencia original dos Dead Kennedys veio de primeira onda dos punks ingleses, como os Sex Pistols. Mas eles logo se desiludiram com a anarquia dessas bandas e criaram sua própria versão do movimento punk.

Fresh Fruit... é um album inteligente e bem humorado que satiriza o panorama social desolador de sua época. "Holiday in Cambodia" é um ataque feroz aos yuppies, enquanto "Kill the Poor" é uma trilha sonora mordaz para o sarcástico texto Modesta Proposta, em que Jonathan Swift propõe que as famílias comam seus filhos como solução para a pobreza. Para demonstrar que todo o seu desprezo não estava reservado apenas à extrema direita, Biafra disparou sua metralhadora giratoria no governador democrata Jerry Brown em "California Uber Alles", descrevendo-o com um "fascisa zen".

Ainda que o interesse pelos Dead Kennedys estivesse muito centrado nas letras de Biafra, a inteligencia e a contundencia de suas musicas o separou da limitação dos três acordes caracteristicos da musica punk. A introdução cataclismatica de "...Cambodia" confere o tom dark da musica, enquanto "California" é bombástica, como um comício de Nuremberg numa praia californiana.

Mesmo que, em ultima instancia, os Dead Kennedys tenham perdido a batalha contra Reagan e as forças de direita, como grito de guerra
poucos discos se comparam a este.

The Clash - London Calling (1979)


O Clash pode ser acusado de ter diluido o punk rock em
digressões estilisticas e de discursar sobre politica sem realmente
saber nada sobre isso, mas, um quarto de seculo depois do lançamento de
sua obra-prima, London Calling, o album continua sendo o que melhor
ofereceu uma saída vital para o solipsismo do punk.

London Calling foi o testamento definitivo do Clash, depois do manifesto punk de seu primeiro album e do agrado ao publico americano de Give'Em Enough Rope. A parceria entre Joe Strummer e Mick Jones abarcava agora outras influencias, alem do punk e do reggae, como o
rockabilly ("Brand New Cadillac"), o pop ("Lost In the Supermarket") e o R&B ("I´m Not Down"), enquanto Simonon oferecia o hino dark "Guns of Brixton". "Spanish Bombs" era um protesto politico genuíno; a faixa-titulo, com sua linha de baixo galopante, a guitarra cortante e o
vocal gutural, garantiu a banda seu maior sucesso em single ate então.

Mas o que faz o amalgama do disco é a produção firme de Guy Stevens. Um empreendedor genial da industria do disco desde o final dos anos 60, Stevens tinha caído em desgraça em meados da decada de 70, mas seu entusiasmo fez a banda deixar de lado sua postura intimidatoria e ele conseguiu extrair o melhor dela.

A capa faz uma referencia consciente a do primeiro album de Elvis, embora a foto, feita por Pennie Smith, de Simonon prestes a esmagar o baixo, seja punk puro. Este é um daqueles raros discos que tanto definem sua época como mostram seus criadores no auge de seu talento.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Thin Lizzy - Live And Dangerous (1978)


Na mesma época em que Israel retirou todos os seus soldados do Líbano, em junho de 1978, o Thin Lizzy usou todas as suas tropas para fazer um dos melhores albuns ao vivo da história da música. Os retoques no disco despertaram rumores críticos: o empresário Chris O´Donnell garantiu que a gravação era "75% ao vivo" e que os overdubs foram usados para corrigir os excessos do baixo de Phil Lynott e os backing vocals dos guitarristas Scott Gorhan e Brian Robertson. O produtor Tony Visconti disse a BBC Radio 1:"Apagamos tudo, menos a bateria(...) mesmo a platéia foi refeita, uma coisa um tanto desonesta(...) "Southbound" foi gravada durante uma passagem de som e acrescentei umas repetições de fitas com barulho da platéia".

Os fãs não se incomodaram. O resultado é mágico e os temores da Vertigo em lançar um caro album duplo se mostraram infundados - vendeu 60 mil copias na Inglaterra. Consta que foi gravado em Londres e Toronto, mas é na verdade, uma coletânea de melhores momentos.

Rocks melódicos e poderosos trazem memoráveis riffs e refrões, temperados por momentos comovedores. A enxurrada começa com "Jailbreak" e arrasta a furiosa "Emerald", a contagiante "Southbound" e a definitiva "Rosalie", até a deliciosa "Dancing In The Moonlight".

"Still In Love With You" é daquelas que a platéia acompanha acendendo os isqueiros; "Cowboy Song" é uma brincadeira com um fantástico efeito cascata; "Suicide", uma canção gloriosa que conta uma história. E há hinos: "The Boys Are Back In Town" e "The Rocker".
Como atestou a NME, "é uma carta de intenções quase perfeita do melhor hard rock da melhor banda de rock do mundo".

Cowboy Junkies - The Trinity Sessions (1988)


Michael Timmis e o seu amigo de infancia Alan Anton tocavam juntos em bandas desde 1979. Recrutaram Peter, irmão de Michael em 1984, seguido pela irmã Margo. Naquela época, uma timidez excessiva impedia Margo de cantar à frente da banda. Em vez disso virava as costas enquanto cantava as belas e frágeis musicas da banda a meia voz.

The Trinity Sessions foi gravado num unico dia usando só microfone na igreja Holy Trinity, em Toronto, Canadá, ao custo de US$ 250. Foi uma revelação minimalista. O acompanhamento esparso é complementado por rabeca, bandolim, guitarra slide, gaita e acordeão, resultando numa especie de musica country crepuscular e reduzida. A produção mínima mas excelente garante um ambiente íntimo e por vezes misterioso.

As versões de outras bandas são criações sólidas que revitalizam os originais. A contida "Sweet Jane", em especial, é uma jóia: o clássico de Lou Reed nunca soou tão triste, enquanto "I´m So Lonesome I Could Cry", Hank Williams, recebeu uma reinterpretação pungente acompanhada pelos acordes dedilhados e a guitarra slide de kim Deschamps. Se essa faixa ou "To Love Is To Bury" não partir o seu coração, voce talvez não tenha um.

A voz de Margo Timmins é sempre impressionante. O seu a capela no lamento "Mining For Gold" é uma abertura comovente, enquanto a interpretação sensual em "Walking After Midnight", um classico blues arrastado acompanhado por uma gaita melancólica, está repleta de sensualidade. Acachapante!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Police - Reggata De Blanc (1979)


O primeiro disco do Police, Outlands D´Amour, apareceu no final de 1978 e incluiu tres singles de sucesso. Mas quando este segundo album com um nome em ingles pidgin - Reggata De Blanc significa "reggae branco" - surgiu no outono, logo disparou para o primeiro lugar da parada britanica e se tornou o segundo LP do Police a entrar, em 1979, nos Top 30 dos EUA.

A transformação do Police do punk de imitação que era, em 1977, para talvez, a maior banda de rock do mainstream, em 1983, foi notável. Reggata... originou os dois primeiros singles do grupo a chegar ao primeiro lugar das paradas americanas - "Walking On The Moon" e "Message In a Bottle" ("The Bed´s Too Big..." era a faixa principal do que ficou conhecido como "SixPack", um lançamento especial que tambem continha os cinco hits anteriores em single da banda pela A&M). Os dois singles representavam o tipo de new wave da banda, em que se destacavam os riffs economicos, mas cativantes de Andy Summers e a bateria agil de Stewart Copeland. O integrante-chave do trio, porém, era um ex-professor de Newcastle, Gordon Summer, mais conhecido como Sting - um dos melhores vocalistas do mundo, baixista e compositor. Copeland tinha tocado antes com o Curved Air e convidou o desconhecido Sting para o Police, que era empresariado por seu irmão, Miles. Summers, que havia se apresentado com o Zoot Money, Eric Burdon, Kevin Coyne e Kevin Ayers, entre outros, foi escolhido por Copeland e Sting quando os dois ouviram um single da banda na qual ele tocava, Strontium 90. Apesar do sucesso mundial, o equilibrio do poder dentro da banda sempre foi delicado.

O Police se separou em 1985 e Sting partiu para uma prolífica carreira solo.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

The Cult - Eletric (1987)


Este é um disco preciso, sem ornamentações, cheio de riffs tirados das prateleiras onde estavam os nomes Jimmy Page e Angus Young. Eletric é o som do The Cult depois de abandonar suas raízes góticas e indies e fazer uma memorável tentativa de atingir um publico capaz de lotar estadios. Sob o controle firme do extraordinário headbanger Rick Rubin, a audáciosa virada da banda foi um sucesso em todos os sentidos, elevando o cantor Ian Astbury, o guitarrista Billy Duffy, o baixista Jamie Stewart e o baterista Les warner ao ápice de suas carreiras. Os jovens dos subúrbios britanicos ouviram Eletric e descobriram que o rock com atitude não era privilégio dos americanos.

Ainda que as principais caracteristicas de Eletric - Astbury deformando "Yee-aah!", os riffs cortantes de Duffy e a capa escandalosa (uma homenagem às capas dos LPs do Grateful Dead criadas por Rick Griffin nos anos 60) - possam parecer ultrapassadas hoje, o album ainda se mantem de pé graças à sua formidável lista de singles. "Lil´Devil" baseava-se num riff contagiante, enquanto "Love Removal Machine" é o som da cena independente deixando crescer seu cabelo e roubando uma guitarra Les Paul. "Aphrodisiac Jacket" representa o lado mais indie da banda. Musicalmente, Duffy, o compositor principal,estava conseguindo "cometer o crime perfeito", tendo baseado as duas músicas numa progressão de acordes trivial, ré/dó/sol, como tinha feito no album anterior com "Rain" e "She Sells Sanctuary".

"Deixem de lado a cena musical independente inglesa e vamos fazer rock!" - disse Rubin na época. Embora esse grito de guerra em particular tenho sido abusado a ponto de se tornar uma paródia, no caso deste album foi totalmente adequado.

The Jesus & Mary Chain - Psychocandy (1985)


Tendo assustado todo mundo com "Upside Down", seu single de estreia em 1984, em Creation - uma sucessão de feedbacks de guitarra e uma bateria neandertalóoides -, Jim e Willian Reid passaram o ano seguinte encantando o publico com uma nova forma de tocar ao vivo. De costas para o publico, criavam uma parede impenetrável de feedback e distorção, cuspiam na imprensa e raramente tocavam por mais que 10 minutos.

Assinaram contrato com a Blanco Y Negro, mas mantiveram Alan McGee como agente e o album de estreia foi um trabalho genial. Universalmente aclamado pela critica musical, é hoje apontado como um dos melhores albuns de estreia de todos os tempos. Os dois irmãos escoceses descobriram um filão nunca antes explorado, fundindo o pop de praia dos Beach Boys muito reverb, alem da bateria primal de Bobby Gillespie.

Em geral as pessoas se lembram dos tres singles - "You trip Me Up", "Never Understand" e "Just Like Honey" -, mas o album é eletrizante do principio ao fim. Sua influencia é incalculável. Qualquer banda com uma predileção por pedais de efeito e um ouvido para melodias vigorosas deve algo a este disco. Voce não pode mais assistir ao grupo ao vivo, mas este album é o mais proximo que se pode chegar daquilo que um jornalista comparou a "uma serra elétrica num tufão".

Siouxsie And The Banshees - The Scream (1978)


The Scream fez a ponte entre o punk e o gótico, com uma musica que combina o carater do tipo "faça voce mesmo" do primeiro com o senso sombrio de drama do segundo. No final dos anos 70, o cabelo bem preto e espetado e a maquiagem pálida de Sioux a tornaram um ícone. Dessa forma, é surpreendente que não esteja na capa deste album, que traz imagens bonitas e misteriosas de nadadores anonimos debaixo d´agua.

A mensagem pode ser a de que o disco era um trabalho de toda a banda. Na faixa "Carcass", a interação bem azeitada entre o animado baixo de Steve Severin e o potente trabalho de bateria de Kenny Morris se destaca de forma até mais contundente do que o vocal vigoroso de Sioux. É uma musica tocada de maneira descomplicada e inteligente e executada com paixão.

"Helter Skelter", a unica faixa não original de The Scream, ganha uma leitura mais febril do que a dos Beatles; a guitarra agoniada de John McKay tem sua vitrine em "Metal Postcard (Mittageisen)". Os Banshees já tinham deixado para trás a raiva objetiva do punk para lidar com areas mais complexas, como o trauma psicologico (em "Suburban Relapse" e "Jigsaw Feeling").

Nas duas faixas finais, McKay pega o sax e adiciona um lamento adequado à mistura dos Banshees. O album se encerra com a dramatica "Switch", uma microepopeia de quase sete minutos, narrada, tanto na letra quanto na musica, como uma comovente novela.

The Scream era um atestado de elegancia desordenada de uma banda que, mais adiante, exploraria a desordem e uma elegante melancolia por toda uma carreira de sucesso.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Sex Pistols - Never Mind The Bollocks Here´s the Sex Pistols (1977)


Numa década de convulsão social, a vetusta fachada da
Inglaterra dos anos 70 estava ruindo sob os altos índices de desemprego
e apatia. O país inteiro parecia estar de ressaca e o otimismo dos anos
60 era apenas uma lembrança distante. Nesse momento surgiu este album,
um chute entre as pernas tão literal quanto seu título. Quando os Pistols começaram a se apresentar em shows, perigava
a fama do grupo ser maior do que a musica. Essa sensação se tornou mais
intensa com a luminosa capa de Jamie Reid. Por conta da logomarca
simbólica e da expressão obscena estampada, muitas lojas se recusaram a
vender o disco e o caso chegou a ser levado para Justiça (acabou
anulado depois que Richard Branson chamou um professor de linguística
para testemunhar sobre as origens não-obscenas da palavra). A forma
quase eclipsou o conteúdo, mas os passos de marcha que iniciam
"Holidays in the Sun" foram um aviso maldoso de que, por trás do
projeto gráfico, havia um album que estava prestes a alterar a
percepção de musica, moda e atitude de toda uma geração. O disco traz a ferocidade de "Bodies", que levanta o tema do
aborto, e o riff simples, mas eficiente e devastador de Steve Jones em
"Pretty Vaccant", que deu esperança a todos os guitarristas inúteis do
mundo. "Anarchy in the U.K." é o grito mais famoso do album, mas "God
Save the Queen" se equivale como epicentro da raiva. Johnny Rotten
torce e esculpe cada nota no fomato de uma flecha de injúrias
diretamente apontada contra a realeza. Poucos momentos na musica
popular são comparaveis ao berro gutural de Rotten: "No future for
you". Os anos da infelicidade da juventude inglesa estão encapsulados
no album desde então.

The Clash - The Clash (1977)


Posto, muitas vezes - sem merecer -, em segundo plano em
relação aos Sex Pistols, o Clash fugiu do padrão autodestrutivo do punk
e optou por musicas com um aguçado conteúdo político, slogans atraentes
e roupas de vanguarda. A capa em verde, preto e branco traz Joe Strummer, Mick Jones e
Paul Simonon, numa foto tirada durante os ensaios em Londres, e combina
com a musica sem enfeites das 14 faixas deste seu primeiro album,
gravado em tres fins de semana, em 1977. O estilo gritado de cantar de
Strummer, quase incoerente, se encaixa à perfeição nas guitarras
intermintes de faixas como "I´m So Bored With the USA". O trabalho do Clash foi várias vezes tachado de panfletário,
mas a letra de "Career Opportunities" retrata, de forma brilhante, as
perspectivas da juventude: o trabalho humilhante ou o
seguro-desemprego. Uma das maiores qualidades da banda era sua
capacidade de absorver outros generos musicais. A versão de "Police and
Thieves", de Junior Murvin e Lee Perry, mostra o baixo de Simonon
sobreposto as guitarras, ao mesmo tempo que a bateria de Terry Chimes
(tambem conhecido como Tory Crimes, num trocadilho com o partido
conservador inglês) pontua a musica num ritmo rápido. Esse arranjo
causa impacto e reaparece em outros momentos do album. O Clash estava no meio de um caldeirão multicultural. Cercada
pelas influências do reggae, do ska e do rock tradicional, a banda
tinha uma leitura politica e musical muito mais ampla do que a visão
míope dos grupos punks da época. O estilo incendiário do Clash e seu gosto pela ação podem ser
ouvidos hoje em grupos como os Libertines, que tiveram seu segundo
album produzido por Mick Jones. O mundo dá voltas...

Ramones - Ramones (1976)


Da capa simples, com a foto da banda em preto-e-branco, a seu
conteudo incendiario, o primeiro album dos Ramones é o manifesto
definitivo do punk. Gravado em dois dias com o irrisorio orçamento de US$ 6 mil,
Ramones despiu o rock ate sobrarem apenas seus elementos básicos. Não
ha solos de guitarra e enormes fantasias épicas, o que ja era
revolucionario numa epoca em que imperava o hard rock cheio de
penduricalhos, do tipo Led Zeppelin. As faixas, de cerca de tres
minutos apenas, são impulsionadas pelos furiosos quatro acordes da
guitarra de Johnny Ramone e pela bateria colossal de Tommy. E, apesar
de as musicas serem curtas e afiadas, a paixão do grupo pelo rock dos
anos 50 e pelas bandas femininas garantiu uma certa doçura melódica. As letras são muito simples, tratando, em banho-maria, dos
desejos e necessidades dos adolescentes. Joey Ramone berra para dizer o
que quer ("I Wanna Be Your Boyfriend", "Now I Wanna Sniff Some Glue") e
o que não quer ("I Don´t Wanna Walk Around With You"). Apenas "53rd and
3rd" - toca em algo mais profundo e significativo. O álbum foi elogiado, no lançamento, por um pequeno circulo de
jornalistas (a revista Creem publicou que "se os sucessores dos Ramones
valerem pelo menos um terço deles, estamos feitos para o resto da
vida"), mas não conseguiu entrar nos Top 100 dos EUA nem entre os 40
Mais da Inglaterra. Mas os poucos garotos que compraram o disco
entenderam que seu minimalismo melódico exagerado era um chamado. Os
Sex Pistols, The Clash e os Buzzcocks usaram os quatro acordes dos
Ramones para expressar a frustração com o Rock sem graça e acomodado da
época. Nunca mais a revolução teria um som tão simples.

Television - Marquee Moon (1977)


Dentre as principais bandas do mundo punk criado no clube
nova-iorquino CBGB's, o Television foi a que teve menos sucesso
comercial. No entanto, seu melhor momento, o album Marquee Moon, foi
tão bom, ou melhor, quanto aos trabalhos seminais de alguns de seus
contemporâneos, como Horses, de Patti Smith (os dois traziam uma
fotografia de Mapplethorpe na capa) e o disco de estréia dos Talking
Heads. Depois de bater na porta de varias gravadoras, o Television
assinou contrato com a Elektra em 1976. A banda estava sem seu baixista
original, Richard Hell, que havia deixado o grupo para formar os
Heartbreakers, com Johnny Thunders. O baixista Fred Smith era um
substituto à altura, mas sua maior contribuição foi apresentar Tom
Verlaine a Andy Johns (irmão de Glyn Johns), que tinha experiência
suficiente para não arremedar o indefinido som jazz-punk desenvolvido
no CBGB's. O resultado foi um inigualável disco a base de guitarras. Dando
as costas para o som bluseiro qeu dominava a guitarra desde o rock dos
anos 60, o Television criou um trabalho que, a seu jeito, é tão radical
quanto o melhor do Led Zeppelin. O album começa com a agitada "See no
Evil", na qual Verlaine e Richard levam suas guitarras ardentes a uma
celebração crescente da poluição urbana e da cultura das ruas. A
faixa-titulo, de 11 minutos, pode levar alguem a comparar o grupo com
as bandas hippies, mas não há flower power - só power - em "Prove it" e
"Guiding Ligth". Marquee Moon teve uma recepção indiferente por parte do
publico, mas foi aclamado pelos criticos, incluindo Nick Kent, na NME,
que, entusiasmado, escreveu que "as canções estão entre as melhores de
todos os tempos".

sábado, 5 de abril de 2008

Joy Division - Unknown Pleasures (1979)


Logo depois de surgir no conhecido EP Factory Sample, de 1978, financiado por uma
celebridade local de TV, Tony Wilson, o Joy Division optou por lançar seu primeiro álbum, um
marco, pelo pequeno e independente selo Factory, apesar do interesse de grandes gravadoras. O disco foi gravado em uma semana no Strawberry Studios, de Stockport. O visionário
Hannet pegou a guitarra metal de Bernard Dicken (também conhecido por Summer), as melodias peculiares do baixo de Peter Hook e a inovadora combinação de bateria acústica e eletrônica feita por Stephen Morris e criou uma ambientação silenciosa e desconcertante, utilizando de forma pioneira efeitos digitais, gritos abafados e sons de vidro partido. O letrista Ian Curtis retrata suas experiencias de epilético no mutante ritmo disco de "She's Lost Control"; "Shadowplay" evoca imagens da decadencia urbana e da paranóia de Manchester, no majestoso hino à morte "New Dawn Fades" e na assustadora "I Remember Nothing", enquanto a enérgica "Interzone" e "Disorder" mostram porque a banda tinha fama de ser feroz em suas apresentações ao vivo. Naqule período pós-punk, em que imperavam o busy design e as cores básicas, a capa, que mostrava ondas de rádio emitidas por uma estrela em extinção, contra um fundo totalmente preto, foi tão marcante quanto a música do álbum e antecipou uma revolução no design minimalista. Unknown Pleasures foi um sucesso de público e crítica - embora um jornalista tenha feito um elogio torto, ao escrever que o álbum era perfeito para se ouvir antes de cometer suicídio. Depois de 27 anos, Unknown Pleasures continua a ser fascinante.

Black Sabbath - Paranoid (1970)


O Black Sabbath ja tinha causado algum espanto na Inglaterra com seu album de
estreia: uma retomada sísmica do blues que, junto com os dois primeiros clássicos do Led
Zeppelin, ajudou a criar um novo estilo de rock'n'roll - o heavy metal.
Em termos de qualidade do material, o segundo LP do quarteto de Birmingham é um salto gigantesco. A faixa de protesto "War Pigs" é uma das melhores aberturas de albuns de todos os tempos, capitando os animos acirrados da juventude ocidental em relação à campanha sangrenta dos EUA no Vietnã. Todas as caracteristicas do Sabbath aparecem nessa musica: os gritos abominaveis de Ozzy Osbourne; a dinamica de mudança de tempo do baterista Bill Ward e do baixista/letrista Geezer Butler; e, a mais conhecida, a presença disforme do mito da guitarra e senhor dos riffs, Tony Iommi.
A mítica faixa-título vem logo depois, uma explosão proto-punk de loucura que
permanece como o hino clássico do Black Sabbath - Ozzy e Iommi chegaram a cantar essa
música durante as comemorações, Londres, do jubileu de Ouro da Rainha Elizabeth II, em 2002. A balada fantasmagórica "Planet Caravan" apresenta um lado suave, muitas vezes
superestimado, enquanto a pesada ficção científica de "Iron Man" parece antecipar o movimento
grunge. As últimas quatro faixas são menos conhecidas, embora imponentes. O pesadelo de
heroína em "Hand of Doom" é especialmente apropriado e contribuiu para consolidar a posição do Sabbath como uma das forças mais sinistras da música dos anos 70.
Paranoid tornou a banda conhecida nos EUA e chegou ao 12º lugar nas paradas. As músicas do álbum foram regravadas por grupos tão diferentes como o Pantera e os Cardigans. Sua influencia para tornar mais heavy o espectro do rock, do Nirvana ao Queens of the Stone Age, é incalculável.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Robert Johnson - Lenda do Blues



Músico vende a alma e se torna o Rei do Blues
Robert Johnson fez um pacto com o demônio, gravou 29 músicas que se tornaram hinos e morreu jovem, com apenas 27 anos
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Alguns poderiam dizer que o talento de Robert Leroy Johnson para o blues tenha sido um presente de Deus - afinal, o musico, nascido por volta de 1910 (não há data precisa) tinha mãos bem grandes, o que o auxiliava na hora de encontrar notas que nenhum outro violonista pagão ousava descobrir. Mas o fato é que Robert Johnson, para ficar conhecido como um dos mais influentes compositores do chamado Mississipi Delta Blues, além de sua contribuição para o desenvolvimento no estilo de dedilhar o violão, fez é um acordo com o coisa-ruim mesmo. Afinal, como explicar que monstros do instrumento como Muddy Waters, Elmore James, John Hammond, Eric Clapton e Keith Richards possam ter em Robert Johnson sua mais visceral idolatria? Coisa do demônio, com certeza.


Morte e decisão


A história é tão sinistra que pouco se sabe sobre a vida de Robert Johnson. Ele aprendeu a tocar violão com o irmão e perambulava pelo Mississipi se apresentando e conhecendo novos ritmos. Em 1930, sua primeira esposa morre durante o parto - fato que faz Johnson decidir viver do blues e para o blues - daí, a necessidade de fazer o pacto com o diabo. Em 1933, cruza com os músicos Son House e Willie Brown, que se encantam com seu jeito de tocar e fazem a lenda correr os EUA.
Meteórico
Mas o tinhoso dá com uma mão para tirar com a outra. Robert Johnson teve tempo de realizar duas sessões de gravação - em 1936 (quando gravou 16 canções) e em 1937 (mais 13 músicas) -, das quais saíram perólas como "Sweet Home Chicago", "Terraplane Blues", "Crossroads Blues" e "Walkin Blues". Além de seu estilo único em tocar o violão, o bluseiro também se destacava por suas composições - muitas delas tendo o parceiro chifrudo como tema central. Falando em chifres e cornos, essa foi a perdição de Johnson. Reza a lenda que o músico morreu envenenado por estricnina no uísque por um dono de bar local após querer se engraçar com a mulher do cidadão. Foram três dias de intensa agonia até o suspiro final, dado com apenas 27 anos. O diabo não perdoa.
Pós Morte

Não dá pra saber se Robert Johnson fez um pacto com o diabo - mas a lenda ganha mais força com o tempo. Em 1990, a Columbia Records lançou a coleção "Roots n´Blues Series", com as gravações completas de Robert Johnson em uma caixa com dois CDs. O objetivo era vender 20 mil cópias, mas o disco vendeu 500 mil, ganhou disco de ouro e até um Grammy Award. Medo...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Slade - Slayed? (1972)



Famoso pelos gritos extraordinários e as fenomenais suíças do vocalista Noddy Holder - sem falar do corte de cabelo arredondado do guitarrista Dave Hill e suas botas prateadas de cano alto e salto plataforma -, o Slade era o glam rock em seu estado mais puro e grosseiro. Com exceção do trabalho de David Bowie e do Roxy Music, daquela época louco e gloriosa do pop inglês, as músicas do T. Rex e do Slade foram as que melhor sobreviveram. Se Bolan tinha boogie, o Slade tinha força. De 1971 a 1976, o grupo teve uns 17 hits consecutivos entre os 20 Mais das paradas britânicas (incluindo seis primeiros lugares). Este álbum, repleto de um humor irascível, malicioso e audodestrutivo, traz o melhor do Slade, antes que sua fórmula se desgastasse (e que a excentrica ortografia dos títulos das canções perdesse a graça). Na verdade, a banda não fez nada de revolucionário nem de tão novo assim, mas seu trabalho foi tão bem feito, tão cheio de espírito que, três decadas depois, o Slade continua arraigado na cultura popular britânica. Como está demonstrado em "Mama Weer All Crazy Now" e "Gudbuy T´Jane", o melhor do pop é, em geral, simples, estúpido e, ao mesmo tempo, sublime. O Slade nunca se levou muito a sério e, por isso, não ficava excessivamente preocupado em ser legal. Estava na verdade acima destas coisas. Para conhecer o Slade, pode-se escolher entre comprar uma coleção de grandes sucessos (sabendo-se que incluir também um punhado de material inferior, do s últimos tempos da banda) ou este album - o melhor de todos. O disco contém apenas dois de seus singles de maior sucesso, mas, ainda assim, representa uma forte parcela de um pop puro, primal, gritado e genuíno.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Patti Smith - Horses (1975)


Horses reescreveu as regras sobre estrelas femininas do pop traçou um novo mapa para todas as artistas, de Chrissie Hynde e Johnette Napolitano a Courtney Love e Liz Phair. E o impacto causado pelo album de estreia de Patti Smith não se limitou apenas a um gênero sexual. A cantora combinou o poder do crescente cenário punk de Nova York com as narrativas ousadas dos poetas beat de São Francisco, criando um som verdadeiramente único, que influenciou grupos como o Talking Heads e o R.E.M.. Smith, com a ajuda do produtor John Cale, apresentou um trabalho tão nu e hipnótico, tão pessoal e cheio de dor, que não perdeu sua força em 30 anos. O album era uma obra de arte completa, a começar pelo retrato de Smith na capa, maravilhosamente sincero, feito por Robert Mapplethorpe. Horses começa com a releitura total de "Gloria", Van Morrison, na qual a cantora apresenta um dos melhores versos de abertura da história do rock - "Jesus died for somebody´s sins, but not mine" ("Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não pelos meus")- e depois, entra num carrossel vertiginoso de sons em "Redondo Beach". Sua empreitada de exploração de composições longas é inaugurada neste disco, com um tom dramático, nas epopéias "Birdland" e "Land", ambas com nove minutos. A guitarra urgente de Lenny Kaye é fundamental na construção de faixas como "Break It Up". Mas foi a interpretação singular de Smith, uma mistura de dos recitais de Burroughs com o rosnar de Lou Reed, que marcou a diferença entre "Free Money" e "Kimberly" e tudo o que havia sido feito antes - e mesmo depois. Horses foi aplaudido pelos críticos mas teve um modesto desempenho de vendas, chegando ao 47º lugar nas paradas da Bilboard. O mais importante é que o album consagrou Smith como a principal poeta do punk rock, um título que ela ainda não perdeu.

Devo - Q:Are We Not Men? A: We are Devo! (1978)


Na música pop dos anos 70, os sintetizadores eram muito utilizados em gravações de música disco e nas produções elaboradas de estúdio rock progressivo, como as do Yes. Não eram, portanto, instrumentos de performances punk, embora o Kraftwerk tivesse feito uso especial de sintetizadores quando explorou temas sobre a loucura, no estilo punk, em sua música pré-techno. Loucura era a moeda forte do Devo, o quinteto de Ohio que, em seu álbum de estréia, o explosivo Q:Are we Not...em 1978, produzido por Brian Eno, enfeitou o som potente da guitarra do punk com sintetizadores metálicos e dissonantes. Na verdade, o grupo até usou o o instrumento de forma econômica em Q:Are We..., se comparado com o mar de sintetizadores que marcou trabalhos posteriores, como Freedom of Choice, de 1980. Os quatro álbums do Devo lançados entre 1978 e 1981 se ligavam tematicamente. O grupo formado por ex-estudantes de arte, hábeis satiristas, cultivava uma filosofia do desespero, um tanto vaga - por conta de inovações modernas duvidosas, como a exploração espacial e o fast food, a civilização não estava evoluindo, mas involuindo. Felizmente, o Devo nunca deixou a teoria sociológica ficar no caminho da boa música e só um pouco dessa ideologia é exposta claramente em Q:Are..., um maravilhoso conjunto de músicas dançantes, engraçadas e peculiares sobre tópicos como o retardamento mental e paranóia. É curioso que a música mais famosa e destacada do álbum seja uma versão de "Satisfaction". Mas, enquanto a gravação dos Stones é petulante e sensual, na voz do líder do Devo, Mark Mothersbaugh, a canção se torna um "cri de coer" frenético sobre o sentimento de ser esmagado por uma opressiva cultura de consumo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Emerson, Lake and Palmer - Pictures At An Exhibition (1971)


Sempre dispostos a uma entrada triunfal, Emerson, Lake and Palmer estrearam sua versão rock da obra clássica do compositor russo Modeste Mussorgsky no festival da Ilha de Wight, em 1970, no primeiro autêntico show do grupo. A capa de William Neal tem um efeito um tanto tranquilizador - uma série de molduras vazias numa galeria -, totalmente em desacordo com o impacto da música.É ainda mais digno de nota o trabalho de Emerson no sintetizador Moog, uma inovação raramente encontrada fora do estúdio, por causa da imprevisibilidade do equipamento e porque muitas bandas não consideravam um "instrumento de verdade". Por ironia, o destaque do disco é uma composição de Lake, "The Sage", programada para outro album, mas que se adequou perfeitamente ao clima do show. Essa faixa contém sua melhor gravação ao vivo tocando violão. Por outro lado, "The Hut of Baba Yaga" mostra Emerson aumentando a velocidade da musica no órgão Hammond, com um encorpado trabalho no Moog. Ele muda para um piano boogie-woogie no pastiche de Tchaikovsky feito por B. Bumble And The Stinger, em 1961, chamado "Nut Rocker", e conclui com um estrondo irreverente. Pictures...foi lançado nos EUA apenas depois que os níveis de importação do album tinham se tornado inacreditáveis - e, com isso, o disco foi para o 10º lugar na parada na Bilboard. Com este album, o grupo entrou pela terceira vez em um ano entre os três mais vendidos da Inglaterra, e produziu um som devastador, nos moldes da banda anterior de keith Emerson, The Nice. Para o bem ou para o mal, uma trilha havia sido aberta.

John Lennon - Imagine (1971)


Depois das confissões existenciais de seu album solo de estréia, Plastic Ono Band, o ex-beatle precisava de um sopro de utopia, uma pitada de esperança. Isso, somado à variada musicalidade do disco, garantida por um elenco de estrelas - George Harrison, Klaus Voorman, Nick Hopkins, Jim keltner, Alan White, King Curtis e alguns integrantes do Badfinger -, fez de Imagine um enorme hit, que chegou ao primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos e da Inglaterra, exatamente quando Lennon e Yoko Ono estavam se muadando para a América. Imagine, produzido por Phil Spector no estudio que Lennon havia construído em sua mansão inglesa, Tittenhurst, traz a canção pela qual o mundo se lembra da personalidade mais interessante dos Beatles, um hino á fé do homem num mundo melhor, mesmo diante de uma realidade desesperadora. O album tambem contem algumas das melhores canções de amor já feitas por um homem para uma mulher - "Oh My Love" e "Jealous Guy" - e ainda sua parcela de puro rock´n´roll, ao estilo de Lennon, como no protesto político de "Gimme Some Truth" e na diatribe contra McCartney, "How Do You Sleep?". Algumas faixas lembram o temas instrospecivos do passado, como "Crippled Inside" ou "How?", mas o novo eixo central de vida descoberto por John em Yoko e tambem a produção de Spector - orquestrada mas, ainda assim, áspera - fizeram de Imagine seu disco mais equilibrado e bem realizado. Trata-se do auto-retrato de um homem sensível e, ao mesmo tempo, agressivo, inseguro e arrojado, introspectivo mas socialmente atento. Só a faixa-título, um trabalho de incrível simplicidade (lançada quatro anos depois na Inglaterra, chegou ao primeiro lugar - claro), vai chamar a atenção para esta obra-prima imortal por gerações e gerações.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Jethro Tull - Aqualung (1971)


Dois filmes clássicos de Christopher Guest vem a mente quando se ouve o Aqualung,do Jethro Tull: This is Spinal Tap e A Mighty Wind. O primeiro é um falso documentário heavy metal; o segundo retrata um grupo de folck fictício. De Aqualung em diante, o Tull passou a ser enquadrado no genero do primeiro filme, mas sua inspiração vem do estilo musical do segundo. A faixa-titulo abre o album com ecletismo típico da banda. Num primeiro momento, surge o dedilhar de um violão tranquilo e um piano civilizado; no seguinte, é a vez do baixo frenético e de passagens de bateria - tudo isso coroado por um solo firme de guitarra. "Cross-Eyed Mary" segue um padrão mais tradicional. A flauta caracteristica do vocalista Ian Anderson paira sobre a pulsante linha de baixo de Jeffrey Hammond e os floreados arranjos orquestrais de David Palmer. A música, então, se submete ao reinado da guitarra, embora o piano, os sininhos e a volta da flauta de Anderson desafiem o rock potente do nucleo formado por guitarra, baixo e bateria. As letras de Aqualung se encaixam numa fantástica narrativa que se desenrola ao longo do album e se baseia, em parte, nas experiências de um sem-teto. Essa história faz com que a música singular do disco esteja vinculada a uma mensagem de conscientização, própria da época. O conceito é estabelecido pelo texto da contracapa do album - uma leitura distorcida do primeiro capítulo do Gênesis. Na versão do Tull da narrativa biblica, o homem criou Deus e, depois, o Aqualung. O disco tornou-se um marco instigante do prog-rock-folk. Sua temática não impediu que as faixas cheias de riff fizessem sucesso nas rádios - nem que o album vendesse milhões de cópias.

The Velvet Underground - White Light/White Heat (1967)


Lá pelo final de 1967, o patrono do The Velvet Underground, o célebre Andy Warhol, havia perdido o interesse pelo grupo, o que levou o cantor e letrista Lou Reed a entrar em contato com Steve Sesnick, de Boston. O novo empresário pressionou Reed a imprimir à banda um caráter mais comercial - para o desagrado do baixista e organista John Cale. O lado A de seu segundo LP é notável pela temática perversa, incluindo a melodicamente distorcida faixa-título, que defende o uso de anfetaminas. "The Gift" conta a história tragicomica de Waldo Jeffers, que tem tanto medo de ser traído por sua namorada da faculdade que se envia a ela pelo correio. Cale faz a narração, seu agradável sotaque galês sendo transmitido por um canal, enquanto no outro entra um R&B a meio tempo,entrelaçado com arremedos de guitarra elétrica. "Lady Godiva's Operation" faz uma desconfortável leitura médica da lenda medieval, com os vocais se destacando da mistura psico-noir, num efeito artístico. O lado B puro furor. Em "I Heard Her Call my Name", Cale, o guitarrista Sterlingo Morrison e o baterista Mo Tucker martelam uma veloz base ritimica, enquanto o líder Reed solta a voz em rajadas no estilo free jazz. "Sister Ray" é o despertardor do noise-rock: 17 minutos de sexo, drogas e armas conduzidos por ondas gigantescas de feedback, notas dissonantes e golpes de garage. White Ligth/White Heat foi lançado com ainda menos cópias do que o album de estréia, chegando ao 199º lugar na parada da Bilboard. No entanto, em termos de alta amperagem e liberdade em estado bruto, nada se compara a este disco.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Nazareth


Nazareth

Publicado no www.whiplash.net - o mais completo site de rock e metal

Por Allan Jones

O Nazareth é uma das mais tradicionais bandas do rock setentista. A banda surgiu em 1968 para ser exato, formada por quatro escoceses, o vocalista Dan McCafferty, o guitar Manny Charlton, o baixista Pete Agnew e o baterista Darrel Sweet. Antes que perguntem, ele não tem nenhum parentesco com os irmãos Sweet do Stryper.

Em 1970, a banda foi tentar a sorte em Londres e lançaram seu primeiro álbum em 1971. O álbum levou o nome da banda apenas.

O segundo álbum se chamou “Exercises”, mas a banda só iria conseguir emplacar com o terceiro, o clássico “Razamanaz”, que colocou os singles “Broken Down Angel” e “ Bad bad boy” no Top Europeu.

Mais dois álbuns se seguiram. “Loud n´Proud” (74) e “Rampant” (74) deram notoriedade á banda pelo resto do mundo.

Em 1975 foi lançado o clássico “Hair of the Dog”. Com este álbum o Nazareth começou a incomodar os chamados grandes do rock pesado mundial. A banda era sucesso de público e crítica com seu hard rock simples e direto. A edição em CD do "Hair of the Dog” traz a clássica “Love Hurts” que se tornou hit em todo planeta, estourando inclusive aqui no Brasil. É importante deixar bem claro que, ao contrário do que muita gente pensa, esta música não é do Nazareth, foi um cover do Everly Brothers. Este disco gerou a incrível marca de 1 milhâo de cõpias só nos USA. Nada mal para uma banda Escocesa.

Seguiram-se os discos “Close enough for rock n´roll” (excelente!), “Play,N the Game” (razoável!), “Hot Tracks” (recomendável!) e “Expect No Mercy” (Sem Palavas, ouça!).

Em 79, a banda adiciona o guitarrista Zal Clemison ao seu line-up. Ele chega a gravar dois álbuns com a banda (“No Mean City” e “Malice in Wonderland”) para depois seguir seu caminho. No seu lugar entrou o tecladista John Locke que também não esquentou o banco e foi substituído pelo guitarrista Bill Rankin que também tocava teclados. Enquanto o Nazareth passava por esses problemas internos, canções como “My White Bycicle”, “Expect no Mercy” e “Shangai d´Shangai” animavam as festinhas.

Com a entrada dos anos 80, a banda ficou um pouco confusa em relação às tendências que surgiam, e foi desaparecendo da mídia.

Em 81, saia nas lojas um álbum ao vivo chamado “Snaz”.

A banda ainda persistiu, lançando em 82 o altamente recomendável “2XS” que contém a incrível “Love Leads to Madness” que aqui no Brasil fez trilha de comercial de marca de cigarro.

Mais uma série de discos foi lançada nos anos 80, e variavam entre medianos e fracos. Entre eles constam “Sound Elixir” e “Cinema”.

Após este período difícil, onde a banda não teve a atenção merecida por parte do público, eles resolvem radicalizar com o disco “No Jive”. O resultado é muito bom e a banda volta a ser notícia. Nas rádios tocava uma música diferente, um arranjo bem pop, mas pela voz do cantor nós percebíamos que se tratava do Nazareth; era a música “Games”.

Em 94 sai “From the Vaults” e em 95 eles reeditam o álbum ao vivo que foi originalmente gravado em 1981.

A década de 90 marcou por ter sido a década que mais se encontrava coletâneas da banda. Eram diversas, dentre oficiais e piratas.

Ainda em 95 a banda solta na praça o álbum “Move Me”. Nesta época eles entraram em turnê com outras grandes bandas setentistas.

O próximo disco só iria sair em 1999, e se chamaria “Boogaloo”. Neste álbum a banda tentaria um retorno as raízes do rock n’ roll.

Biografia: Uriah Heep

Fonte: Rock Online



Em 1965, Mick Box junta-se a David Garrick, mais conhecido como David Byron, formando o “The Stalkers”. Ficaram por dois anos tocando covers em clubes locais, quando em 1967, Box e Byron resolvem tornar-se profissionais. Os outros membros da banda acham arriscado e se separam. A dupla, porém, continuou firme, trabalhando e compondo material. Juntam-se ao baterista Nigel Pegram e ao baixista Barry Green na banda “Spice”. Green foi substituído no meio de 68 por Paul Newton e sua entrada coincidiu com a gravação de um single por artistas unidos, “What about the Music”.


O Spice consegue construir uma boa carreira no circuito londrino, tocando em vários clubes. Em 69, o baterista Pegram é substituído por Alex Napier. Fazendo uma mistura de hard rock com jazz, o Spice gravou a demo com o nome de “The Play”.

Após um árduo trabalho, conseguem assinar um contrato com o empresário Gerry Bron, gravando um álbum em 1969, “The Landsome Tapes”. Por sugestão de Bron, o tecladista Ken Hensley passa a fazer parte do line-up e mudam o nome para Uriah Heep.


A entrada de Hensley fez com que eles desenvolvessem seu próprio estilo baseado nas harmonias vocais combinadas com guitarras e teclados. O ano de 1970 foi considerado o de nascimento do Uriah Heep. Nesse primeiro ano, passaram quatro bateristas pela banda. Napier saiu após ter gravado algumas faixas do primeiro álbum, sendo substituído por Nigel Ollie Olsson, que mais tarde se juntara à banda de Elton John, mas não sem antes gravar “Very ´Eavy, Very ´Umble”. Quem tocou no segundo álbum, “Salisbury”, foi Keith Baker, ficando até outubro dando lugar para Ian Clarke, que tocou no terceiro álbum, “Look at Yourself”.


O ápice da carreira aconteceu em meados dos anos 70, com os álbuns “Demons and Wizards”, “The Magician´s Birthday”, “Sweet Freedom”, “Wonderworld” e ainda um dos melhores álbuns ao vivo do Uriah: “Live´73”.


Em fevereiro de 1975, devido à problemas de saúde e de drogas além de um acidente ocorrido num show em Dallas (foi eletrocutado quando tocava ao vivo) Train é afastado da banda. Em dezembro do mesmo ano, fora encontrado morto devido a uma overdose. John Wetton foi contratado para assumir a vaga, completando o time nas gravações de “Return to Fantasy”.
Tais fatos, associados à fama, acabaram por desgastar um pouco a banda, principalmente David Byron, que acabou deixando a banda em julho de 1976. O vocalista John Lawton e o baixista Trevor Bolder entraram no Uriah Heep. Com essa formação, foram lançados “Firefly”, “Innocent Victim” e “Fallen Angel”.
Após 1979, mais mudanças: Lawton abandona o barco e Lee Kerslake é substituído por Chris Slade. John Sloman assume os vocais, e gravam “Conquest” em 1980. Mais problemas ainda estavam por surgir pois o grupo não estava satisfeito nem com Sloman, nem com a substituição de Greg Dechert nos teclados. Mick Box estava querendo mudar o nome da banda para “Mick Box Band” e Kerslake queria voltar a tocar com Ozzy Osbourne. Mick desiste da mudança mas monta um novo line-up com Peter Goalby, o tecladista John Sinclaire e o baixista Bob Daisley. Gravaram então um novo álbum, “Aboninog”,que saiu em 82.
Logo após de “Head First”, em 1983, Trevor Bolder volta ao Uriah, para a gravação de “Equator”. Tiram um tempo de férias e voltam com Mick Box, Kerslake e Trevor Bolder, e mais o tecladista Phil Lanzon e por dois meses o vocalista Steff Fontaine, que logo depois foi substituído por Bernie Shaw. Essa formação foi uma das mais estáveis, compondo os álbuns “Live in Moscow”, “Raging Silence”, “Different World”, “Sea of Light” e “Spellbinder.
Apesar das inúmeras mudanças e desavenças, o Uriah Heep, seja com os músicos e na época que for, sempre será lembrado com um dos maiores nomes do Rock em todo o planeta.


Confiram tambem a discografia completa da banda:Site Rock Online

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Som Nosso de Cada Dia



O Som Nosso de Cada Dia foi fundado em 1972 pelo multi-instrumentista Manito (ex-Incríveis), pelo baixista Pedrão Baldanza (ex-Novos Baianos) e pelo baterista Pedrinho (velho colaborador de Manito em seu projeto solo). Após se reunirem para formar uma banda de baile, os três mudam de idéia e resolvem investir em um som mais ousado, menos convencional e com influências mais plurais, indo de Jimy Hendrix a Sun Ra, passando evidentemente por todos os ícones “nuggets” da época, como: Yes, Pink Floyd e Emerson, Lake & Palmer. Após seis meses de ensaio e centenas de ácidos na caixola, o grupo consolida um repertório e uma identidade, algo como a resultante de um encontro entre Rick Wakeman e Edu Lobo.Em seguida, Manito aceita um convite para substituir Arnaldo Baptista nos Mutantes, entretanto, por alguma razão acaba voltando atrás poucas semanas depois, a tempo de gravar o debut do Som Nosso: “Snegs”. O disco é um sucesso de público e crítica, sendo considerado até hoje, ao lado de “Tudo Foi Feito Pelo So” dos Mutantes, como um dos maiores clássicos do rock progressivo verde e amarelo.A boa repercussão do álbum resultou num convite para a abertura da turnê brasileira do Alice Cooper Group (vale lembrar que a tia Alice e seus antigos comparsas estavam em seu auge naquele momento), onde o trio tocou para uma platéia superior a 150 mil pessoas. Os shows do Som Nosso causaram tamanha catarse, que era possível ouvir o público ainda gritando pela banda durante as apresentações de Alice Cooper.Após a participação no Festival de Águas Claras, Manito deixa novamente o grupo, levando os integrantes remanescentes a incorporar, com sucesso, outros elementos à formação, como metais e mais duas guitarras.Em 1977 o grupo lança seu segundo álbum, Sábado/Domingo, fortemente marcado por influências de funk e soul trazidas por Pedrinho. Apesar de tocado com certa freqüência nas rádios, o trabalho não atinge o êxito comercial de seu antecessor, levando a banda a encerrar suas atividades um ano depois.Para os amigos , o blog disponibiliza os dois albuns , peça fundamental no acervo de qualquer fã de rock progressivo que se preze. O disco até hoje tem grande repercussão, inclusive em âmbito internacional, no circulo de cultuadores do estilo. Em 1994 os integrantes da formação original se reuniram pela última vez para celebrar os 20 anos de lançamento do álbum. O resultado foi uma versão caleidoscópica para a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, colocada como faixa bônus da edição comemorativa.Recomendados apenas para mentes abertas e corações calejados. Quem não aguentar vá beber leite. Uhahuahuehuhuehuahueuhhuauhe!!!!

Discografia:Snegs - 1974 - Continental / PRW - 1993

Som Nosso (sábado/domingo) - 1977 - CBS

Formação
· Manito
· Pedro Baldanza
· Pedrinho
Outros
· Tuca
· Marcinha
· Egidio Conde
· Dino Vicente
· Paulinho Foguete

Moto Perpétuo


Banda brasileira dos anos 70, o Moto Perpétuo inclui em sua formação o ex-Bando Burani e o futuro astro pop Guilherme Arantes. Há certa controvérsia quanto à discografia do grupo: apenas um LP (o de 1974) é conhecido do público como oficial, alguns apontam mais outros dois discos um de 69 e outro de 71, mas tenhamos como pura especulação. O grupo, após 1974, parece não ter ido muito longe. Apesar da ida de Conde para o "Som Nosso de Cada Dia" e do início de da carreira solo de Arantes em 1976, com um LP homônimo pela Som Livre.

Formação:
Guilherme Arantes - teclados e vocal

Egydio Conde - guitarra e voz

Diógenes Burani - percussão e voz

Gerson Tatini - contrabaixo e voz

Claudio Lucci - violão, violoncelo, guitarra e vocal

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Disco autêntico? Só os bootlegs

Publicado no www.whiplash.net - o mais completo site

de rock e metal


Equivalente ao estrondo da invenção da pólvora foi o disco-pirata. De imediato
muitos perceberam o raio de ação e exclamaram: pronto, furaram o sistema.
Está aqui na Rolling Stone. Leia! Um tal de Larry Gutenplan, o inventor, foi preso no Village vendendo um punhado de cópias do bootleg "The Best of 67", com sucessos dos Beatles, Stones, The Doors e até os Monkees com "I’m a beliver". O disquinho custava 1 dólar e 79.


Ano passado surgiram os primeiros bootlegs em CD de bandas nacionais dos anos 70, sob a chancela "An Alternative God Production". Deus é pirateiro? Vendidos em loja.
Pesa o aspecto histórico e a devoção do fã na hora da aquisição. Fortes apelos para "explicar" a necessidade de preencher lacunas. O que a indústria fonográfica do Primeiro Mundo fez? Os Beatles foram resgatar faixas inéditas suas em bootlegs, para inserí-las no disco ao vivo da BBC e no projeto "Anthology". Jimi Hendrix, The Doors, King Crimson, The Who estão legalizando seus bootlegs. Em outubro de 2000, o Pearl Jam resolveu nocautear os piratas lançando 25 bootlegs duplos de uma vez só...
No caso do artista brasileiro é seguir esse exemplo e preservar um mínimo de recurso aos nossos depauperados roqueiros.

Grupos:
SOM NOSSO DE CADA DIA - "Bem no fim" (Ao Vivo)
CASA DAS MÁQUINAS - "Ao Vivo, Santos 1978"
MUTANTES/ARNALDO BAPTISTA - CDr.





SOM NOSSO, UMA LENDA DIGNA DO ROCK BRASILEIRO

"Bem no fim" (Ao Vivo)


De acordo, com o artigo "Som Nosso, uma história digna do rock brasileiro", da revista POP, o embrião do Som Nosso começou em 1973, quando Manito, ex-Clever, ex-Incríveis, ex-Mutantes, tentou partir para um esquema diferente, fundando uma banda de 12 músicos, o Bloco Barbala, para tocar exclusivamente em bailes, e que reunia músicos de conjuntos do interior de São Paulo até acadêmicas figuras vinculadas à Ordem dos Músicos. Como nunca aconteceu um ensaio com a presença de todos, a banda reduziu-se para um quinteto, agora com o nome de Zapata, e dessa fracassada tentativa nasce o quarteto Som Nosso de Cada Dia: Pedrinho, bateria; Manito, teclados; Pedrão, voz, contrabaixo e Liminha na guitarra.
A formação desse "Bem no fim - 1976" é Pedrão, Pedrinho, Dino Vicente nos
teclados e Egidio Conde na guitarra. Esse bootleg recupera a faixa "Rajada Runaway" com letra do poeta Paulinho Machado, o Capitão Foguete. Faixa incluída com outras composições suas no segundo LP de estúdio do Som Nosso e que nunca foi lançado pela Continental e trazia ainda Tuca nos teclados... Alô, Charles Gavin vamos encontrar esta fita antes...
A gravação do show é ótima e mostra um Som Nosso menos urbano e equilibrado com timbres de música brasileira, antecipando a jornada que os grupos progressistas brasileiros adotariam.






A CASA CAI

"Ao Vivo, Santos 1978"



Santos, 1978. Este show da Casa das Máquinas captura a agonia e a rápida desestruturação da banda. Os membros do grupo estavam sendo chamados de irresponsáveis, arruaceiros, deliqüentes. A banda veio de um supershow na Argentina, mas se desfizeram sete meses depois do crime. É curioso escutar o vocalista Simbas ao lado da guitarra energética do Pisca, gritando
agressivamente vamos agitar, bando de bundas-moles. É um show de rock. O pessoal daqui da frente não é bunda-mole! Não! Dizem que existe outro tape com melhor qualidade, já na fila de espera... Em 1977, o vocalista Simbas, do grupo que o baterista Netinho liderava, foi o pivô de
uma briga na porta da Tv Record, que resultou em morte. Falou-se muito do assunto na época.
Versão popular: Vestido de maneira extravagante, Simbas não se conteve
diante dos gracejos que lhe dirigiam algumas pessoas naquela oportunidade. Irritado,
partiu para a briga. Um cabo-man (muito doente e que não poderia de forma alguma se
envolver em brigas) da Record levou a pior no incidente e morreu dias depois. Netinho, que nem sequer estava presente no momento da briga, quase não podia sair às ruas. Por um ano e meio Netinho ficou afastado da vida artística, num sítio em Itapetininga, a 200km de São Paulo. Plantando e cuidando da família...
Versão dos autos: O rebu todo começou na tarde de 18 de setembro de 1977, um sábado, quando o Casa se preparava para uma apresentação na Tv Record (SP). Momento antes do programa, na garagem da própria emissora, o carro de Simbas (Nivaldo Alves Hora) e um ônibus da Record bateram. O motorista João Luís da Silva Filho retirava da garagem um ônibus para gravações externas, auxiliado pelo Câmara Lucínio, que fazia sinais para orientar a movimentação do veículo. Na manobra, o ônibus esbarrou levemente num Opala, de onde saltaram os três músicos, reforçados pelo irmão de Simbas. Então, achando que o acidente fora proposital, Simbas passou a discutir e, depois a brigar com Lucínio de Faria, 35 anos, pai de cinco filhos. O grupo começou a agredir João Luís e Lucínio. Depois de ser espancado no pátio, o franzino Lucínio foi arrastado para um banheiro da emissora, onde continuou o massacre. Ao encerrar-se a surra, ainda recebeu a última ameaça do chefe da segurança da Record, Wadi Gragnani Dini: seria demitido se contasse à polícia sobre a briga na emissora. Espancado, Lucínio foi embora. Em casa, à noite, Lucínio exibiu os ferimentos ao filho Wilson, então com 12 anos, revelou o que ocorrera e explicou que não podia procurar nem a polícia e nem o hospital. Mas no dia seguinte a saúde piorou e ele precisou procurar o Hospital Bartira, em Santo André, onde 24 horas depois acabou falecendo, vítima de rompimento do fígado e duas costelas fraturadas.
Simbas alegou que foi agredido pelos funcionários da Tv e apenas tratou de se defender. Pra isso, contou com a ajuda do guitarrista Pisca (Carlos Roberto Piazzoli), Sidney Giraldi e seu irmão menor, de 17 anos, (Nélson Leandro Horas). Em março de 1983 as testemunhas não se apresentaram e o próprio Wilson (filho de Lucínio) negou que o pai tivesse contado que a agressão fora praticada pelos músicos. Além de explorar essa falha, a defesa dos réus jogou toda a responsabilidade pelos golpes mortais no irmão de Simbas, Nélson, que era menor na época. Graças a falta de provas, a defesa conseguiu absolver Pisca e Sidney. Simbas, por homícido culposo, foi condenado a um ano de prisão, mas beneficiado com sursis por ser primário. Os três continuaram em liberdade.






OLHA O QUE O ARNALDO FAZIA NOS SHOWS DOS MUTANTES!

"Ao Vivo, Santos 1978"


Ibirapuera, último dia de maio de 1978. No tempo do confronto das calças boca-de-sino e das miniblusas, das sandálias melissas e camisetas hangten. Não foi por falta de material inédito e próprio que os Mutantes entraram na onda do Revival. As apresentações dos Mutantes na década de 70 sempre foram mágicas. Nessa apresentação no Ibirapuera, os Mutantes resgataram o repertório da primeira fase, trouxeram Betina para os vocais e Arnaldo Baptista para a overture dos shows. Uma oportuna resistência à moda disco ao punk e infelizmente, os Mutantes sucumbiram no meio do caminho sem levar a frente pelo menos em
discos o caminho natural de unir seu virtuosismo aos acordes conhecidos da música brasileira. Em estágio posterior os roqueiros foram acompanhar as estrelas da MPB.
Este Cdr traz uma raríssima gravação ao vivo de Arnaldo Baptista ao piano acústico. Arnaldo brilha em sua luz própria. A luta secular do artista e do público e a superação.
Seus temas elétricos agora acústicos. Além da execução das peças do clássico "Lóki?", Sérgio Dias e Betina se juntam a Arnaldo na recriação caipira da "Balada do louco". Bem que essa apresentação poderia vir como CD bônus no relançamento do Lóki? Que o sonho se realize....
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