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Território da Música: Artigos (Rock)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

T. Rex - Eletric Warrior (1971)


Marc Bolan é um dos personagens mais interessantes da história do rock. Com seu jeito de Byron moderno e um misticismo hippie - obscuro mais delicioso - Bolan sempre foi audacioso. Sua carreira consta de elouquecedores altos e baixos (ele escreveu ainda um best- seller de poesia, The Warlock of love), mas seu ponto maximo foi Eletric Warrior. Que, como tudo que fazia, é recheado de surpresas. o T. Rex ja tinha feito sucesso na Inglaterra - no entanto, Bolan queria angariar fiéis do outro lado do atlantico. Ele pegou a estrada com os novos integrantes da banda, o baixista Steve Currie e o baterista Bill Legend - chamado para ajudar na percussao, a cargo de Mickey Finn. O grupo começou a editar algumas faixas a caminho de Londres, Nova York e Los Angeles. Os singles lançados na ocasião apontavam para um som mais ousado, mas só quando Eletric Warrior saiu foi possivel constatar como era sensacional. A arte da capa resume a perigosa promessa de poder do rock, com Bolan empunhando a guitarra como uma aram, diante de um arsenal de amplificadores. No entanto, em vez de destruir o ouvinte num ataque sonoro quando a agulha baixa sobre o vinil...Warrior começa com a explosão abafada da guitarra, um delicioso contratempo e um convite para cantar "beneath the bebop moon" em "Mambo Sun". O lindo dedilhado acustico de "Cosmic Dancer" vem em seguida, com seu rico arranjo de cordas. E o disco segue desta forma, às vezes rouco e obsceno, às vezes mediativo e romantico. O single "Bang a Gong(Get it On)" chegou ao top 10 dos EUA, mas o T. Rex nunca conseguiu satisfazer a ambição de Bolan de virar uma estrela internacional.

Santana - Abraxas (1970)


"A musica é a união de dois amantes: a melodia e o ritmo.A melodia á mulher e o ritmo, o homem." - Carlos Santana, 1994


No verão de 1970, Carlos Santana, aos 22 anos, já acumulava vários discos de platina por um album no qual incluiu dois singles que entraram para os Top 40; fez uma performance inesquecivel diante de metade do mundo em Woodstock e ganhou uma crescente legião de fãs. Até hoje, quem faz sucesso na estréia é encorajado a continuar gravando aquilo que funcionou da primeira vez. Mas Santana aderiu ao freak rock de São Francisco, onde os artistas garimpavam sua imaginação e transformavam tudo o que descobriam em rock´n´roll. Santana elaborou um segundo disco que viajava para alem do rock, até o jazz e a salsa, no ritmo de um coração latino. Apesar de serem a face visivel da banda, Carlos e sua guitarra impecavel eram meros componentes de uma engrenagem extremamente talentosa, e em Abaraxas cada integrante do grupo marcou presença. Gregg Rolie foi o responsavel pelo orgão sedutor que transformou "Black Magic Woman" e "oye como Va" em classicos isntantaneos do radio, e tambem compôs os rocks mais pesados "Mother´s Daugther" e "Hope You´re Feeling Better", em que os riffs tipicos de Carlos pairam acima da musica. O baixista Dave Brown e o baterista Mike Shrieve assentaram, neste album, as bases do que seria uma das melhores e mais afiadas seções ritmicas da história da musica, e pavimentaram o caminho para os exuberantes címbalos e congas de Mike Carabello e Jose Areas. No lançamento de Abraxas, a Rolling Stone afirmou que Santana "pode fazer pela musica latina o que Chuck Berry fez pelo Blues". Quando i albúm chegou ao primeiro lugar nas paradas, já trazendo as batidas mais firmes que o establishment do rock já tinha ouvido, o prognóstico da revista pareceu até modesto.

Blue Cheer - Vincebus Eruptum (1968)



"Rock´n´roll...é 10% técnica e 90% atitude. Uma nota com atitude certa é mais eficiente do que 60 notas sem atitude". - Dickie Peterson, 2005


Foi ai que as coisas ficaram heavy de verdade. Inspirado no nome de um tipo de LSD que, por sua vez, havia sido batizado com a marca de um sabao em pó, esse trio de São Francisco aumentou as apostas no noise rock com seu album de estreia, pavimentando o caminho para os Stooges e o Zeppelin, do heavy metal ao rock experimental. Está certo que ja existia, nos anos 60, batida primal de inumeráveis bandas de garagem, mas nenhuma tinha estabelecido um padrão de som de abalar as estruturas, nem a intensidade de feedback do Blue Cheer. Daí o epíteto atribuído ao grupo:"mais alto do que Deus". Da primeira vez que o Blue Cheer tentou gravar Vincebus Eruptum, estourou a mesa de mixagem. Com as devidas precauções, a banda conseguiu fazer o melhor LP, disparado, de sua carreira, composto por quatro musicas originais e duas versões: uma leitura virulenta, ameaçadora e suja de "Summertime Blues", de Eddie Cochran (superior até a a versão poderosa do The Who), e o classico do blues "Rock me Baby". A primeira ficou entre os 20 maiores sucessos da parada americana, algo surpreendente, talvez, para uma banda mais interessada em atingir limites do volume e nada preocupada com a musicalidade. Eles não eram exatamente bons musicos, mas há alguma coisa de admiravel e hipnotico nos gritos extemporâneos e no barulho mas controlado, e nos berros de Dickie Peterson enquanto a banda literalmente chacoalha em "Parchment Farm". Da capa em roxo e prata ao espirito "cada vez mais alto", este disco é um importante marco dos primeiros tempos do Heavy Metal.



Love - Forever Changes (1967)



"Quando gravei o disco, achei que fosse morrer". - Arthur Lee, 2001


Em 1967, o Love era a banda mais festejada de Los Angeles, depois dos Byrds. A fase hits dos Byrds, porem, estava chegando ao fim, mas o Love não estava suficientemente preparado pra tomar seu lugar:era um grupo etinicamente misturado, com dois líderes negros que faziam uma musica de pouco apelo para o publico negro; as canções se alongavam por lados inteiros dos LP´s; e a dependencia de drogas da banda tinha aumentado vertiginosamente. No verão de 1967, o The Doors e Jimi Hendrix monopolizavam todas as glorias. Então, o Love voltou ao basico, planejando um album com o foco nas musicas. Quando Bruce Botnick chegou para produzir o disco, encontrou a banda em um estado tão lastimavel que, imediatamente, contratou musicos de estudio. Duas faixas, "The Daily Planet" e "Andmoreagain", foram gravadas num unico dia, e a banda ganhou uma folga para trabalhar em conjunto novamente ensair um punhado de musicas. Dali por diante, cada dia no estudio significava se dedicar a algumas canções e, depois, o grupo poderia sumir dali para aprender as proximas. A gravação do disco levou quatro meses, mas os resultados foram ineditos. Acid rock não era pra ser tocado com violão e orquestra sinfonica - ou era? Muito inovador para o gosto da Costa Oeste, o LP não conseguiu sequer alcançar o desempenho modesto dos discos anteriores da banda nas paradas dos EUA; na Inglaterra, porem, o album lembrava o jeito brincalhao e interiorando dos Beatles, Small Faces e Donovan (embora ouvido mais atento pudesse identificar o turbilhão dentro da banda e da própria Los Angeles no verão do Amor), e entrou para os Top 30. A essa altura, no entanto, a banda estava desmoronando e nunca recuperou sua força.

The Beatles - Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band (1967)


Vamos navegar de volta a 1967, quando os beatlemaniacos que haviam tentado achar o prumo com Ruber Soul e Revolver seriam recompensados com uma divertida fantasia musical, Sgt. Pepper...ficou 15 semanas no topo da parada da bilboard e ainda estava entre os cinco primeiros quando Magical Mystery Tour chegou à liderança, seis meses depois. Por quê? Porque a ampliação de horizontes proposta pelo album vinha ancorada em composições brilhantes. Desde a abertura contagiante de McCartney (que Jimi Hendrix tocou ao vivo dois dias depois de lançado o disco), passando pela caleidóscopica "Lucy in the sky with diamonds", de Lennon, até a atordoante "A Day in the life", composta pela dupla, cada musica é um tesouro. Apesar da omissão de "Strawberry fields forever" - o single provocativo que fez a ponte entre Revolver e Sgt. Pepper... -, o album contem elementos psicodelicos: filosofia oriental ("Within you without you", de Harrison), e menção a drogas (embora Lennon tenha negado as referencias ao LSD em "Lucy", McCartney deixou tudo claro com "Fixing a Hole"). O certificado de Sgt. Pepper...como uma obra da pop art foi conferido pela capa mais famosa da historia do disco. O designer Peter Blake imaginou primeiro uma caixa de presente. mas acabou optando por juntar na capa uma serie de recortes de cartolina (alguns rostos famosos - Jesus, Hitler, Gandhi - não sobreviveram à montagem final). O album causou um impacto sem precedentes. As radio o tocaram dias a fio. O critico Kenneth Tynan, do The Times, o classificou como "um momento decisivo na historia da civilização ocidental". Essa hiperbole ja nao se aplica, mais ficou um pop perfeito, no qual a ousadiae a musica se mesclaram para sempre.
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