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Território da Música: Artigos (Rock)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

The Pretty Things - S.F. Sorrow (1968)


Os Pretty Things ganharam destaque no início dos anos 60 requentando um R&B inspirado em Bo Diddley. Seu som inicial, apresentado nos primeiros singles, como "Road Runner", era ainda mais obsceno, embora menos popular, do que o dos Rolling Stones. Animado pelo florescente movimento psicodélico, o grupo entrou numa fase de transição com o introspectivo Emmotions, de 1967, uma tentativa sem importancia, exceto por ter preparado o terreno para o seu maior feito. Gravado durante uma estada regada a drogas em Abbey Road, durante o Verão do Amor, S.F. Sorrow foi um projeto audacioso que deixaria sua marca nas futuras óperas-rock. Pete Towshend cita S.F. Sorrow como a maior influência sofrida pro Tommy, de 1968 - uma afirmação um tanto suavizada, considerando-se as semelhanças entre os dois trabalhos. Utilizando os truques de estúdio aprendidos na gravação de Sgt. Pepper..., Norman Smith ajudou o vocalista Phil May a dar vida á história de Sebastian F. Sorrow através de um caleidoscópio de colagens vocais, instrumentação do Oriente Médio e fuzzy guitar. Os sons variam da introdução a capela, de tirar o folêgo, em "Bracelets Of Fingers" e da cítara graciosa de "Death" às suculentas harmonias vocais de "The Journey" e á densa guitarra de "Old Man Song". Apesar de apresentar um trabalho de primeira linha, S.F. Sorrow foi recebido com indiferença fora da Inglaterra (nos EUA, o lançamento tardio do disco levou muita gente a pensar que a banda estava simplesmente se aproveitando do sucesso de Tommy). O fato é que os fãs nunca teriam chegado a ouvir Tommy, a escalar o The Wall do Pink Floyd ou a pular com American Idiot, do Green Day, se os Pretty Things não tivessem alcançado a maioridade antes com S.F. Sorrow.

Paul Revere And The Raiders - Midnight Ride (1966)




Será que houve alguma banda mais perigosa do que os Raiders? Em meio à invasão de grupos beat britânicos, eles ficaram lado a lado com os Byrds e os Beach Boys. No período que permanece como o momento mais alto do pop, eles emplacaram uma série de sucessos. Tocavam com uma vitalidade única, forjada em anos de apresentações em qualquer clube que os aceitasse. Sua enxuta música punk nunca saiu de moda e ainda é tão corajosa como há 40 anos. Os que se lembram deles geralmente recordam suas roupas da época da Guerra da Independencia dos EUA, as palhaçadas e acrobacias e o fato de que eram a atração favorita de Dick Clark em seu programa diário na TV, Where The Action Is. Até mesmo os Monkees gozavam de maior credibilidade. Mas, em 1966, o rugido que era a marca registrada do vocalista e líder Marc Lindsay em "Louie, Go Home" soava tão feroz como o de Eric Burdon, dos Animals, ou de Van Morrison, do Them, e influenciou de forma significativa Roger Daltrey, do The Who. E, musicalmente, tudo se encaixou de maneira perfeita em Midnight Ride, com nove canções compostas pela banda. As músicas restantes são talvez, dois dos melhores singles dos anos 60. "kicks", de Barry Mann e Cynthia Weill, é uma pungente advertência contra as drogas que, no entanto, trata o cerebro da pessoa como se já estivesse reduzido a uma pasta. um clássico do garage, "I´m Not Your Stepping Stone" (de Tommy Boyce e Bobby Hart), seria, mais tarde, gravado pelos Monkees, mas esta versão foi a que inspirou a dos Sex Pistols. O pop-punk nunca foi melhor.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Derek And The Dominos - Layla And Other Assorted Love Songs (1970)


Um grupo quase fictício acabou fazendo um album duplo que, embora não tenha vendido quase nada na época, vem sendo considerado um clássico do rock, graças ao single com a faixa-título. O Derek em questão é Eric Clapton, que, depois, de temporadas com os Yardbirds, John Mayall´s Bluesbreakers, Cream e (por pouco tempo) Blind Faith, formou uma banda para fazer este seu primeiro e precioso disco solo. Os Dominos que acompanhavam tal Derek eram três americanos: o tecladista Bobby Whitlock, o baixista Carl Radle e o baterista Jim Gordon, todos ex-integrantes do Delaney and Bonnie and Friends, um conjunto informal de músicos com quem Clapton havia tocado algumas vezes. A maioria das canções é resultado de sessões de improviso solto e descontraído e, em todas, a proposta era tocar com uma renovadora economia. o golpe de mestre de Clapton foi convocar Duane Allman como artista convidado: sua slide guitar na faixa-título parece um trem desgovernado, num dos mais memoráveis riffs da história do rock. Até o mal-humorado produtor Tom Dowd ficou impressionado. "Quando terminou", revelou ele, "eu saí do estúdio e disse:"Esta porra é o melhor disco que eu fiz em 10 anos."Assim que foi lançado o single, "Layla" chegou ao sétimo lugar nas paradas, e subiu mais três degraus em sua reedição, exatamente 10 anos depois. Essa canção de amor não correspondido foi inspirada por Patti Boyd, a mulher do melhor amigo de Clapton, George Harrison. Clapton canalizou sua paixão frustada para a música deste album, fazendo energeticas releituras de clássicos do blues, Big Bill Broonzy a Hendrix - que, hoje, também são consideradas clássicas por seu próprio mérito.

B.B.King - Live At The Regal (1965)


Não devia ser fácil aprender a tocar guitarra elétrica numa cidade sem eletricidade, mas, na época em que B.B.King veio de Indianola, no Mississipi, para tocar no Regal Theatre, em Chicago, em novembro de 1964, ele tinha passado 39 anos tentando. Ao tomar conta de palco naquela noite, com mais de 20 singles nas paradas de sucesso, uma famosa guitarra Gibson que ele chamava de Lucille presa nas costas e um exército de mulheres ameaçando avançar sobre ele, podia-se dizer que king havia finalmente conseguido. Lucille foi a primeira a "falar" quando a banda entrou apresentando-se à entusiasmada platéia com dois ou três riffs dançantes, contra os metais em unissono e a percussão em dois tempos. B.B. rapidamente respondeu à guitarra, proclamando, em sua imponente voz "Everyday I Have The Blues!". Foi uma conversa infinita, a mesma que havia tornado os dois famosos na década anterior. King comandava o público, arrancando gemidos e lamentos dos fiéis, atraindo cada um deles para um papo a três, com ele e Lucille. Depois da abertura, veio a sufocante "Sweet Little Angel" e como "ela adora abrir suas asas". Os gritos subiam da pláteia como uma névoa. Mas não se tratava de sexo, e sim de blues, e B.B. era quem explodia de saudade e mágoa. As versões incandescentes de "It´s My Own Fault", "How Blue Can You Get" e "You Upset Me Baby", acentuadas pelas carícias no pescoço de Lucille, se tornariam a viga mestra do blues ao vivo e ajudariam a coroar King como o maior guitarrista do gênero na história.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Yes - Fragile (1971)


Depois de uma turnê com o Iron Butterfly de abril a dezembro de 1971, Jon Anderson Chris Squire procuravam desenvolver um som a partir da inovação trazida por novos tipos de sintetizador. Tony Kaye, no entanto, preferia o orgão Hammond, o que (além da brigas com Steve Howe) o levou a sair da banda em agosto, na mesma época em que Wakeman havia deixado os Strawbs - e ele trouxe ao Yes um novo conceito de virtuosismo e exibicionismo. O baterista Bill Bruford estava inseguro com a idéia fixa de Anderson e Squire de fazer a melhor banda do mundo, mas as sessões, realizadas na parte de cima de um bordel de Sheperds Market em Londres, foram muito produtivas (gerando quatro gravações em grupo, para complementar cinco solos). Embora não seja creditado na capa por problemas autorais, Wakeman participou da primeira sessão quando foram gravados os movimentos doces e sinuosos dos teclados e da guitarra da extasiante "Roundabout" e os vocais oníricos e intensos de "Heart of The Sunrise". O jazz-psych visceral de "South Side of the Sky" é outra história épica que surgiu nas cinco semanas de ensaios antes das gravações, em setembro, no estúdio Advision, onde o Yes aumentou absurdamente o volume. O engenheiro de som Eddie Offord editou horas de gravação em algumas linhas, e os fãs puderam entrar no estudio, em grupos de 20, para assistir a esse trabalho. O misticismo lírico de Anderson está presente no cânticode "He Wave" e o projeto gráfico da capade Dean captura o mundo fragmentado que está no cerne do conceito do álbum. O disco foi incensado pela crítica e ficou entre os 10 Mais nos EUA e na Inglaterra, marcando o Yes, nas palavras de Jon, como uma "banda do povo" - quer dizer, um povo que amava a música mais complexa.

Bob Dylan - The Freewheelin´Bob Dylan (1963)


Se a musica folk foi o pilar da cultura popular americana nos anos 50 e 60, ninguem incorporou as tensões da epoca tão bem quanto Bob Dylan. E The Freewheelin... foi particularmente responsável por firmar sua fama de cantor e compositor de técnica quase perfeita, dotado de uma visão poética focada no detalhe, na narrativa e no humor. O álbum sublinha o compromisso de Dylan com as mudanças sociais ( a capa mostra Dylan com sua namorada na época, Suze Rotolo, caminhando por Greenwich Village, onde atraiu atenções pela primeira vez como cantor folk). Uma trilogia de musicas do disco - "Blowin in the wind", "A Hard Rains A-Gonna Fall" e "Masters of War" - parecia englobar o desejo de mudança de toda uma geração. As três permanecem, em muitos aspectos, como as canções mais duradouras de Dylan, regravadas por artistas de todos dos gêneros, incluindo o rap, o reggae e ou country. Como sempre, Dylan se desviou do caminho para desafiar as classificações musicais - estabelecendo esse padrão para o resto de sua carreira. Em músicas como "Don´t Think Twice, it´s all right" e a sublime "Girl from the north Country", ele joga com a temática de amor trágico das baladas, o surrealismo e até temática de amor trágico das baladas, o surrealismo e até mesmo a comédia. Nesse aspecto, no minimo, The Freewheelin...deve muito ao trabalho de uma pessoa que o inspirou no início: Woody Guthrie. Essas musicas igualmente ignoram a embalagem colorida da sociedade americana, preferindo se identificar com as massas oprimidas do campo. Dessa forma, o álbum pode ser visto como um manifesto. Apesar de Dylan lamentar o rótulo de porta-voz de sua geração, The Freewheelin´... é uma rara evocação de uma época em país.

Buffalo Springfield - Buffalo Springfield Again (1967)


O Buffalo Springfield (era o nome de uma máquina de terraplanagem usada nas estradas de Los Angeles) tinha cantores/compositores demais para sobreviver. O grupo ganhou fama em 1967 com o single "For What It´s Worth", de Spephen Still, que ficou entre os dez primeiros das paradas americanas - um retrato lindamente suavizado de tempos turbulentos. Mas, quando apareceu o seugundo LP, Stills e Young estavam brigando ferozmente por tempo e espaço, deixando para trás o menos comedido Furay. A essa altura o Springfield era menos um grupo do que uma coleção de individuos, cada um concentrado em suas próprias canções - com a exceção de "Good time Boy", escrita por Furay para ser cantada pelo baterista Dewey Martin. Várias faixas deixavam pistas sobre as futuras direções musicais da banda: "Expecting to Fly" e "Broken Arrow" apresentam paisagens sonoras ambiciosamente orquestradas por Young e Jack Nitzsche, que mais tarde trabalharia com o cantor em diversos projetos solo, incluindo Harvest. Por outro lado, "Everydays", a superior "Bluebird" e, particularmente, "Rock and roll Woman" são exemplos típicos da abordagem que Stills adotaria depois - vocais poderosos contra uma rica mistura de violões brilhantes e límpidos, e robustas guitarras elétricas. A combinação das raízes folk-rock e country do Springfield com um rock mais pesado seria de grande influencia para a proxima geração de grupos de rock da Costa Oeste - mais especificamente os Eagles. A contracapa do álbum mostra uma lista de agradecimentos a "amigos, inimigos e pessoas que não conhecemos de lugar algum". Primeiro nome da Lista? Hank B. Marvin, guitarrista do grupo instrumental inglês The Shadows.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

AC/DC - Back in Black (1980)


Uma capa que pode ser descrita apenas como preta? Ok. Um vocalista principal morto afogado no proprio vomito? Sim. Perspectivas pré-históricas sobre sexualidade nos títulos das músicas? É isso ai. É perfeitamente possível confundir AC/DC com o Spinal Tap, já que os dois grupos preenchem tudo o que é necessário para ser uma paródia de banda heavy metal. Mas os astralianos escaparam dessa caricatura ao produzirem um rock básico, divertido e poderoso. Quando Bon Scott morreu, em fevereiro de 1980, o AC/DC já tinha conquistado a Europa, mas os EUA eram territorio distante. O grupo era extremamente ambicioso e recrutou o vocalista Brian Johnson, seguindo uma recomendação do produtor Robert Lange. A única insinuação real de Tappery está logo no ínicio de Hells Bells, quando as badaladas de um sino sinistro nos fazem temer que a banda esteja a ponto de embarcar em seu proprio Stonehenge. Logo em seguida, contudo, as guitarras dos irmãos Young entram e a pauleira rola solta. "Back in Black" e "Have a Drink on Me" são em homenagem a Scott, mas quase nãos sentimos sua falta no restante do disco, já que os poderosos gritos de Johnson se encaixam perfeitamente na mixagem. A libertinagem rude de "Let Me Put My Love..." - "deixe que eu corte seu bolo com minha faca" - reafirma que a morte de Scott não mudou em nada a cabeça dos rapazes. A última faixa, "Rock and Roll ain´t noise pollution", é uma alfinetada nos críticos mais intelectualizados. O AC/DC finalmente fez sucesso nos EUA com Back in Black, atingindo a soma de 1 milhão de discos vendidos por ano nos cinco anos seguintes. Eles, bem como todos aqueles que curtiram seu rock, nunca olharam para trás.

Chico Buarque - Construção (1971)


Construção foi o quinto album de Chico Buarque para a Philips. É um trabalho que se tornou um clássico e um marco de referência desse cantor de importância maior na musica brasileira e mundial. Quase todas as músicas que compõem este disco fizeram sucesso. Buarque aparece aqui num ambiente acústico. A orquestração do album foi influenciada por Rogério Duprat. Logo no início, o LP mergulha fundo nos ritmos tradicionais brasileiros, em canções que, implicitamente, criticam o regime político ditatorial do país ("Deus lhe Pague" e a música-título, "Construção"). Como é comum na obra desse inigualável contador de histórias, ele realça os detalhes do dia-a-dia característicos e definidores das relações humanas (e da condição humana - como em Ópera do Malandro)em Cotidiano que fala da rotina da relação entre um homem e um mulher. As tres faixas seguintes, Olha Maria, Samba de Orly e Valsinha, são parcerias com outros grandes letristas e compositores da música brasileira - Tom Jobim, Vínicius de Moraes e Toquinho ("Samba de Orly faz referencia ao aeroporto frances e a Paris, que se tornaram familiares para os brasileiros exilados). Outro destaque é Valsinha, uma canção de amor de dois minutos que permaneceu nos ouvidos e no coração do publico internacional. Um disco obrigatorio.
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