Uma obra-prima da pop art, The Who Sell Out esbanja uma ousadia quem mais tarde abandonaria esse volátil icone londrino do movimento mod. As hilariantes fotos da capa, de David Montgomery, revelam o conceito dessa cultura. O guitarrista e líder da banda, Pete Towshend, segura um tubo absurdamente desproporcional de Odorono - o desodorante "que transforma transpiração em inspiração". O cantor Roger Daltrey aparece numa banheira cheia de feijões cozidos com molho de tomate, abraçado a uma lata de Heinz (o primeiro fabricante de feijão em lata da Inglaterra). Na contracapa, o baterista Keith Moon aplica o creme Medac contra espinhas, e lê-se a informação de que o baixista John Entwistle "era um fracote de 60 kilos até que Charles Atlas o transformou num homem de 62 kilos" The Who Sell Out apresenta uma leitura satirica da relação entre música e propaganda. Townshend concebeu o album como uma transmissao de uma falsa radio pirata, intercalando as faixas de música com comerciais ficticios. Esses jingles ainda mantem seu apelo, embora o tempo tenha passado antes que a ideia pudesse ser totalmente compreendida. As canções são sensacionais. Um presente de Speedy Keen, futura estrela da banda Thunderclap Newman, "Armenia City in the sky" é um atordoante pacto entre o rock e o movimento psicodelico. "I can see for miles" foi o maior sucesso do The Who nos EUA: uma tempestade de harmonias dilatadas em tempos variados, com instrumentos ferinos, conduzida por um Moon em grande forma. Mas, em outras faixas, há um toque mais suave. "Mary Anne With the shaky Hand" soa como os Byrds; Daltrey surge afetado e obscuro em "Tatoo"; "Our Love Was" e "I can´t reach you" são melodias alegres. Finalmente, a náutica miniópera "Rael" aponta o caminho para Tommy e o superestrelato.
Território da Música: Artigos (Rock)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
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