Não devia ser fácil aprender a tocar guitarra elétrica numa cidade sem eletricidade, mas, na época em que B.B.King veio de Indianola, no Mississipi, para tocar no Regal Theatre, em Chicago, em novembro de 1964, ele tinha passado 39 anos tentando. Ao tomar conta de palco naquela noite, com mais de 20 singles nas paradas de sucesso, uma famosa guitarra Gibson que ele chamava de Lucille presa nas costas e um exército de mulheres ameaçando avançar sobre ele, podia-se dizer que king havia finalmente conseguido. Lucille foi a primeira a "falar" quando a banda entrou apresentando-se à entusiasmada platéia com dois ou três riffs dançantes, contra os metais em unissono e a percussão em dois tempos. B.B. rapidamente respondeu à guitarra, proclamando, em sua imponente voz "Everyday I Have The Blues!". Foi uma conversa infinita, a mesma que havia tornado os dois famosos na década anterior. King comandava o público, arrancando gemidos e lamentos dos fiéis, atraindo cada um deles para um papo a três, com ele e Lucille. Depois da abertura, veio a sufocante "Sweet Little Angel" e como "ela adora abrir suas asas". Os gritos subiam da pláteia como uma névoa. Mas não se tratava de sexo, e sim de blues, e B.B. era quem explodia de saudade e mágoa. As versões incandescentes de "It´s My Own Fault", "How Blue Can You Get" e "You Upset Me Baby", acentuadas pelas carícias no pescoço de Lucille, se tornariam a viga mestra do blues ao vivo e ajudariam a coroar King como o maior guitarrista do gênero na história.
Território da Música: Artigos (Rock)
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
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