O trio de jazz-blues-rock Cream atualizou o ávido experimentalismo de seu álbum de estréia, Fresh Cream (1966), acrescentando os efeitos psicodélicos que prevaleciam nos estúdios em 1967 - novos refinamentos como o pedal wah-wah e as distorções de guitarras -, e chegou a seu auge artístico com Disraeli Gears. Rotulado como a primeira superbanda, graças aos deslumbrantes talentos do guitarrista Eric Clapton, do baixista e vocalista Jack Bruce e do baterista Peter "Ginger" Blake, o Cream, com este disco, abriu as portas para novos gêneros musicais, como o jazzfusion e - dizem - o rock progressivo. A simbólica colagem fluorescente da capa do disco era o acompanhamento perfeito para a enxurrada de música de vanguarda ali contida, a começar pela dispersa e memorável "Strange Brew", na qual os gemidos fantasmagóricos de Bruce se sobrepõem com etérea economia ao estilo convulsivo, quase funk, de Clapton na guitarra. E fica cada vez melhor: "Sunshine of Your Love" (que, ao lado de "White Room", é a canção mais conhecida do Cream) serviu de inspiração para uma torrente de guitarra ao vivo despejada pelo único sério rival contemporâneo de Clapton, Jimi Hendrix. "Tales of Brave Ulysses" é um poema feroz embebido na guitarra lacerante e bluseira de Clapton, enquanto a tradicional "Mother´s Lament" é uma referência direta às influencias dos musicos do grupo. Foi basicamente pelas apresentações ao vivo que o Cream ganhou sua reputação - e com razão: no palco, o grupo parecia possuído por Robert Johnson e Charlie Parker. Disraeli Gears continua sendo seu melhor disco, apesar da força de seus outros albuns. Permanece como um retrato vital de uma época única.
Território da Música: Artigos (Rock)
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
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