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sábado, 15 de dezembro de 2007

Black Sabbath - Black Sabbath (1970)



No início de 70, um então desconhecido quarteto da cidade inglesa de Birmingham chocaria a Europa ao gravar um álbum que ultrapassava todas as fronteiras da brutalidade sonora que eram conhecidas até então.
Muitas bandas já tocavam alto na época: The Who, Cream, Deep Purple, Led Zeppelin e o pré-punk de Detroit (The Stooges e MC5). O heavy do Black Sabbath, no entanto, era diferente – mórbido, cruel, demoníaco. Enquanto o psicodelismo dos hippies ainda ecoava por todo o mundo e o rock progressivo passava por seu período mais promissor, o vocalista Ozzy Osbourne declarava: “Nossa música é uma reação a toda essa babaquice de paz, amor, e felicidade. Os hippies ficam tentando te convencer que o mundo é uma maravilha, mas é só olhar ao redor para ver me que merda nós estamos”.
Ozzy tinha todas as razões para reclamar da vida: teve uma infância pobre e passou boa parte de sua adolescência trancado nas cadeias de Aston, o bairro miserável de sua cidade natal. Em 67 resolveu montar um grupo com o guitarrista Tony Iommi, o baixista Terry “Geezer” Butler e o baterista Bill Ward, começando a tocar no circuito de bares por cachês irrisórios. Como resultado direto de suas frustrações e problemas financeiros, viram seu som se tornar mais sujo e agressivo a cada dia.
Black Sabbath, o álbum de estréia do grupo – lançado numa sexta-feira, 13 de fevereiro - , foi a válvula de escape de toda essa revolta acumulada ao longo de três anos de estrada. A violência condensada em vinil. Da abertura da faixa título, com o som de chuva e sinos, até o último acorde de “Warning”, tínhamos um festival de acordes tonitroantes, vocais ensandecidos e ritmo pulsante. Os temas abordados – missas negras, encontros com Lúcifer e predições catastróficas – eram frutos, principalmente, da leitura exaustiva das obras do inglês Dennis Wheatley. Três músicas deste LP, ao menos, ficariam marcadas para sempre na história do heavy: a já citada “Black Sabbath”, “The Wisard” e “N.I.B.”. Junto a “Behind The Walls Of Sllep” (inspirada num livro de H.P. Lovecraft), “Evil Woman, Don’t Play Your Games With Me”, Sleeping Village”,”Warning” e, em algumas edições, a faixa-extra “Wicked World” (lançada no mês anterior como o primeiro compacto da banda), formam um álbum fundamental e precursor do que se viria a fazer em termos de rock pesado.
Com sua sonoridade única, o heavy do Black Sabbath não nasceu de nenhum desdobramento de outro gênero, mas surgiu num rompante de ousadia de quatro músicos moldados pelas dificuldades e pela revolta contra o establishment “bicho-grilo”. Enquanto o rock progressivo promovia viagens por paisagens idílicas, o Black Sabbath oferecia uma passagem sem volta ao inferno. Nesse contexto, a banda viveria momentos de glória até 75, com o lançamento de seu sexto LP, Sabotage. Depois entrou em lento processo de decadência, movido por batalhas egocêntricas.No entanto, o grupo permanece como um dos mais subestimados de todos os tempos. É bem verdade que o heavy tem uma incrível facilidade em gerar mediocridades, dando farta munição para os detratores do gênero. Mas é admissível que a importância do Black Sabbath ainda seja posta em dúvida no momento em que algumas das mais conceituadas bandas da atualidade – como o Faith No More e o Soundgarden – se declaram tão influenciadas por seu som.

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