Manhã de 18 de julho de 1988, Ibiza. Nico, a femme fatale do Velvet Underground, estava morta. Vítima de uma hemorragia cerebral após uma queda de bicicleta. Às vezes, a vida prega peças extremamente irônicas. Justamente ela, uma notívaga por excelência, alcoólatra e junky, despede-se num ensolarado passeio matinal. No dia seguinte, em Berlim, o cobiçado corpo de Christa Paffgen estava cremado. A idade e a nacionalidade de Nico (um anagrama de icon) é tema de discussão, pois uns dizem que ela nasceu em outubro em Colônia, (Alemanha) em 38 ou 44, enquanto outros afirmam que foi em março em Budapeste (Hungria), em 43.
Dúvidas à parte, sabe-se que a incursão musical dessa modelo e atriz (sua primeira aparição cinematográfica foi no filme La Dolce Vita, de Fellini), educada entre a França e a Itália, foi em 64, quando se mandou para Nova York e arrumou emprego como cantora de bar. Conheceu e fascinou Bob Dylan, que levou-a a Andy Wharol, que, por sua vez, nos idos de 65, apresentou-a ao recém-fundado Velvet Underground, em que permaneceu como cantora até 67, tendo participado apenas do primeiro LP do white light/white heat, da psicodelia americana. Ainda em 67, após sua participação no Exploding Plastic Inevitable (projeto multimídia do Velvet concebido por Wharol), a chanteuse optou pela carreira solo.
Dona de uma personalidade febril e suicida, era bastante descolada no jet set musical, se já não bastasse ser apadrinhada pelo mestre da pop art e ter adquirido uma controvertida fama com o Velvet. Tendo o badalado cineasta Paul Morrisey como manager, não foi difícil convencer o produtor Tom Wilson a gravar seu début como solista.
Chelsea Girl, o disco em questão, lançado em fins de 67, cujo título é quase homônimo ao filme de Andy Wharol (Chelsea Girls), é um dos trabalhos mais sensíveis e cinzentos da década de 60. Uma obra lapidada por sua insofismável melancolia, (re)visitando os porões proibidos da paixão, plenos de mistérios, medo e tristeza. Com cinco canções escritas pelos integrantes do Velvet – cujos destaques são a cold-ballad “The Winter Song” (John Cale) e a hipnótica “Chelsea Girls” (Lou Reed/ Sterling Morrison) - , três do então adolescente Jackson Browne (entre elas a arrepiante “These Days”), uma do outsider Tim Hardin e outra de Bob Dylan (“I’ll Keep It with Mine”), feita especialmente para ela, Chelsea Girl é um LP em que Nico, com sua voz suave e penetrante, melancólica e glacial, personifica-se como uma idiossincrática folk Singer, ladeada por arranjos orquestrais, sutis nuances psicodélicas e uma rockmântico gosto amargo de 60’s beat-ballads.Após a estréia em 67, a noirchanteuse (ilu)minada por uma vida errática, gravou até sua morte um total de nove LPs, sendo que durante sete anos esteve afastada da música, graças a sucessivas crises existenciais, sublimadas em gim e heroína. Entre seus memoráveis LPs, temos o folk-minimal Marble Index (produzido por John Cale, que sobre o fracasso comercial do disco declarou: “Como é possível vender o suicídio?”), o delicado semi-experimentalista Desert Shore, o clássico The End (em que fincada em seu harmônio minimal regrava “The End” (Doors) e a tradicional “Das Lied der Deutschen”), o gótico-claustrofóbico Drama of Exile (demonstrando também que, sem querer, apenas por uma questão de natureza, foi precursora da dark music) e o doloroso Câmera Obscura (um trabalho que, além da sublime cover de “My Funny Valentine”, conta com inserções de elementos do gênero pós-industrial). Hoje, sua obra, embora um tanto quanto obscura, legou uma irreparável influência que cantoras/compositoras contemporâneas como Danielle Dax e Diamanda Galas continuam a reciclar sob uma nova ótica.
Dúvidas à parte, sabe-se que a incursão musical dessa modelo e atriz (sua primeira aparição cinematográfica foi no filme La Dolce Vita, de Fellini), educada entre a França e a Itália, foi em 64, quando se mandou para Nova York e arrumou emprego como cantora de bar. Conheceu e fascinou Bob Dylan, que levou-a a Andy Wharol, que, por sua vez, nos idos de 65, apresentou-a ao recém-fundado Velvet Underground, em que permaneceu como cantora até 67, tendo participado apenas do primeiro LP do white light/white heat, da psicodelia americana. Ainda em 67, após sua participação no Exploding Plastic Inevitable (projeto multimídia do Velvet concebido por Wharol), a chanteuse optou pela carreira solo.
Dona de uma personalidade febril e suicida, era bastante descolada no jet set musical, se já não bastasse ser apadrinhada pelo mestre da pop art e ter adquirido uma controvertida fama com o Velvet. Tendo o badalado cineasta Paul Morrisey como manager, não foi difícil convencer o produtor Tom Wilson a gravar seu début como solista.
Chelsea Girl, o disco em questão, lançado em fins de 67, cujo título é quase homônimo ao filme de Andy Wharol (Chelsea Girls), é um dos trabalhos mais sensíveis e cinzentos da década de 60. Uma obra lapidada por sua insofismável melancolia, (re)visitando os porões proibidos da paixão, plenos de mistérios, medo e tristeza. Com cinco canções escritas pelos integrantes do Velvet – cujos destaques são a cold-ballad “The Winter Song” (John Cale) e a hipnótica “Chelsea Girls” (Lou Reed/ Sterling Morrison) - , três do então adolescente Jackson Browne (entre elas a arrepiante “These Days”), uma do outsider Tim Hardin e outra de Bob Dylan (“I’ll Keep It with Mine”), feita especialmente para ela, Chelsea Girl é um LP em que Nico, com sua voz suave e penetrante, melancólica e glacial, personifica-se como uma idiossincrática folk Singer, ladeada por arranjos orquestrais, sutis nuances psicodélicas e uma rockmântico gosto amargo de 60’s beat-ballads.Após a estréia em 67, a noirchanteuse (ilu)minada por uma vida errática, gravou até sua morte um total de nove LPs, sendo que durante sete anos esteve afastada da música, graças a sucessivas crises existenciais, sublimadas em gim e heroína. Entre seus memoráveis LPs, temos o folk-minimal Marble Index (produzido por John Cale, que sobre o fracasso comercial do disco declarou: “Como é possível vender o suicídio?”), o delicado semi-experimentalista Desert Shore, o clássico The End (em que fincada em seu harmônio minimal regrava “The End” (Doors) e a tradicional “Das Lied der Deutschen”), o gótico-claustrofóbico Drama of Exile (demonstrando também que, sem querer, apenas por uma questão de natureza, foi precursora da dark music) e o doloroso Câmera Obscura (um trabalho que, além da sublime cover de “My Funny Valentine”, conta com inserções de elementos do gênero pós-industrial). Hoje, sua obra, embora um tanto quanto obscura, legou uma irreparável influência que cantoras/compositoras contemporâneas como Danielle Dax e Diamanda Galas continuam a reciclar sob uma nova ótica.
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