Uma história verdadeira: era uma vez uma banda que, sem sombra de dúvida, merecia ter os seus quatro primeiros álbuns em qualquer lista de “melhores de todos os tempos”. Sob este aspecto, além de sua formação relativamente recente, este fato se tornaria ainda mais incrível ao constatar-se que seus membros – depois de incursões solo e/ou com outros músicos e grupos – voltariam a se reunir para apresentar durante a década seguinte um sólido trabalho que, se já não possuía o mesmo teor inovador de sua fase anterior, ainda primava pela coesão e integridade.
Pois bem... O nome desta banda era (e ainda é) Talking Heads e os álbuns acima citados intitulavam-se ’77, More Songs About Buildings and Food (1978), Fear of Music (1979) e Remain in Light (1980). Estes três últimos LPs, porém, já contavam com as mãos do “não-músico” Brian Eno na produção. Eno, que anteriormente havia produzido uma fita demo com o Television – algo como uma “banda-gêmea” dessa primeira fase dos Heads - , partiu desta experiência abortada para uma profícua e crescente colaboração com as “cabeças falantes” e especialmente com seu band leader, David Byrne (que se estenderia inclusive ao LP My life in the Bush of of the Ghosts, feito em colaboração com Eno, em 1980). Estaconjunção levaria ao som dos Heads para oceanos musicais nunca dantes navegados e, em sua gradativa fusão de sons eletrônicos com polirritmia percussiva, influenciaria de modo incisivo o panorama da música pop dos anos 80.
No entanto, a gênese desta estética já estava condensada na despojada instrumentalização e na força das composições de seu LP de estréia, ’77. Um álbum que transcendia por sua criatividade os próprios limites do cenário insurgente do punk-rock nova-iorquino depurando esta energia bruta através da sutileza instrumental e com isso conseguindo um resultado excepcionalmente original dentro de um contexto de absoluta efervescência criativa, em que despontavam nomes como Patti Smith, Ramones, Blondie e outros que tornaram legendário o então obscuro clube noturno CBGB, em Nova York.
No caso dos Heads, o núcleo inicial surgiu quando David Byrne decidiu formar uma banda, junto com seu colega da Rhode Island School of Design, Chris Frantz, também baterista. Eles chegaram a fazer algumas apresentações, às vezes denominando-se The Artistics, e outras, The Autistics. Mas a idéia só tomou fôlego quando convocaram a namorada de Chris, Martina Weymouth, para o baixo e mudaram-se para Nova York, em 1974. Já como Talking Heads, o trio começou a se destacar no circuito local, mas foi a entrada de Jerry Harrison (ex-Modem Lovers) na segunda guitarra e teclados que daria um formato definitivo ao som da banda.
Com essa formaçãoe eles entraram em um pequeno estúdio durante janeiro de 1977 para as sessões de gravação de seu LP de estréia, um álbum extraordinário, dadas as circunstâncias em que foi feito. O clima no estúdio era de tensão permanente entre a banda e um dos produtores, Tony Bongiovi, que a princípio queria outros músicos tocando os instrumentos no disco por não considerá-los suficientemente competentes. Por seu lado, Byrne recusava-se a gravar qualquer vocal com a presença de Bongiovi no estúdio. Por sorte, nesse impasse prevaleceu a concepção da banda, que forjou uma trama musical ímpar para as canções de Byrne, repletas de observações cortantes a respeito das relações interpessoais (“Tentative Decisions”, “The Book I Read”, “Pulled Up”) e perpassadas pela mais fina ironia (“No Compassion”, “Don’t Worry About the Government”). Em resumo, um álbum único, assim como cada um dos três que o sucederam. Ou como afirmava o próprio Byrne em “Psycho Killer”: “Diga algo uma vez/ Para que dizê-lo novamente?”.
Pois bem... O nome desta banda era (e ainda é) Talking Heads e os álbuns acima citados intitulavam-se ’77, More Songs About Buildings and Food (1978), Fear of Music (1979) e Remain in Light (1980). Estes três últimos LPs, porém, já contavam com as mãos do “não-músico” Brian Eno na produção. Eno, que anteriormente havia produzido uma fita demo com o Television – algo como uma “banda-gêmea” dessa primeira fase dos Heads - , partiu desta experiência abortada para uma profícua e crescente colaboração com as “cabeças falantes” e especialmente com seu band leader, David Byrne (que se estenderia inclusive ao LP My life in the Bush of of the Ghosts, feito em colaboração com Eno, em 1980). Estaconjunção levaria ao som dos Heads para oceanos musicais nunca dantes navegados e, em sua gradativa fusão de sons eletrônicos com polirritmia percussiva, influenciaria de modo incisivo o panorama da música pop dos anos 80.
No entanto, a gênese desta estética já estava condensada na despojada instrumentalização e na força das composições de seu LP de estréia, ’77. Um álbum que transcendia por sua criatividade os próprios limites do cenário insurgente do punk-rock nova-iorquino depurando esta energia bruta através da sutileza instrumental e com isso conseguindo um resultado excepcionalmente original dentro de um contexto de absoluta efervescência criativa, em que despontavam nomes como Patti Smith, Ramones, Blondie e outros que tornaram legendário o então obscuro clube noturno CBGB, em Nova York.
No caso dos Heads, o núcleo inicial surgiu quando David Byrne decidiu formar uma banda, junto com seu colega da Rhode Island School of Design, Chris Frantz, também baterista. Eles chegaram a fazer algumas apresentações, às vezes denominando-se The Artistics, e outras, The Autistics. Mas a idéia só tomou fôlego quando convocaram a namorada de Chris, Martina Weymouth, para o baixo e mudaram-se para Nova York, em 1974. Já como Talking Heads, o trio começou a se destacar no circuito local, mas foi a entrada de Jerry Harrison (ex-Modem Lovers) na segunda guitarra e teclados que daria um formato definitivo ao som da banda.
Com essa formaçãoe eles entraram em um pequeno estúdio durante janeiro de 1977 para as sessões de gravação de seu LP de estréia, um álbum extraordinário, dadas as circunstâncias em que foi feito. O clima no estúdio era de tensão permanente entre a banda e um dos produtores, Tony Bongiovi, que a princípio queria outros músicos tocando os instrumentos no disco por não considerá-los suficientemente competentes. Por seu lado, Byrne recusava-se a gravar qualquer vocal com a presença de Bongiovi no estúdio. Por sorte, nesse impasse prevaleceu a concepção da banda, que forjou uma trama musical ímpar para as canções de Byrne, repletas de observações cortantes a respeito das relações interpessoais (“Tentative Decisions”, “The Book I Read”, “Pulled Up”) e perpassadas pela mais fina ironia (“No Compassion”, “Don’t Worry About the Government”). Em resumo, um álbum único, assim como cada um dos três que o sucederam. Ou como afirmava o próprio Byrne em “Psycho Killer”: “Diga algo uma vez/ Para que dizê-lo novamente?”.
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