"É como se compor este album tivesse piorado o seu estado: deixou-se tragar por ele, em vez de apenas expressa-lo." Tony Wilson, 1994
Mais de 25 anos depois, continua sendo quase impossivel separar a atmosfera inquietante da musica do Joy Division, a degradação da personalidade de seu vocalista e seu suicidio repentino. Ainda que o album de estreia, Unknown Pleasures, olhasse fundo para o abismo, era apenas musica. Closer é diferente.Comparado a seu antecessor, mais violento e convencional, esse disco é um salto quantico. As musicas se desviam da formula essencialmente punk que a banda usou em seus primeiros anos. Se a atmosfera sombria de Unknown Pleasures vinha em grande parte do uso revolucionario que o produtor Martin Hannet fez de efeitos digitais, aqui a propria musica soa exotica -- dos ritmos estranhos e militares de "Colony" às guitarras histéricas e cheias de efeitos de "Atrocity Exhibiton". A adição de sintetizadores (sobretudo em "Isolation" e "Heart and Soul") indica que, se Ian Curtis tivesse permanecido na banda, ainda assim ela pareceria o que se tornou, mais tarde, o New Order. O ambiente criado por Hannet é praticamente um instrumento. Se antes ele fornecia um fundo melancolico, aqui seus delays e reverberações caracteristicos são parte da propria estrutura das musicas, tornando-as ainda mais soturnas. Contudo, é nas ultimas tres faixas que fica claro, em retrospecto, que não existia mais separação entre o tormento pessoal de Curtis e as suas letras líricas e melancolicas. O Projeto grafico da capa, uma lápide, havia sido elaborado muito antes da morte do cantor e pode ser visto como uma infeliz coincidencia, mas é dificil não interpretar esse album terrivelmente amargo como um bilhete suicida.
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